As agências humanitárias da Organização das Nações Unidas têm coordenado as missões na Faixa de Gaza com as forças israelitas ocupantes, de forma a garantir acesso na entrega de ajuda e prestação de cuidados médicos.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários indica que durante as primeiras duas semanas de janeiro de 2024 o número de pedidos não autorizados pelos militares israelitas de acesso a áreas ao norte de Wadi Gaza para operações humanitárias foi quase total.
Assim, nas primeiras duas semanas de Janeiro, as agências humanitárias planearam 29 missões para entregar suprimentos vitais ao norte de Wadi Gaza, mas apenas 7 das 29 missões, ou seja, 24% foram realizadas, total ou parcialmente. Duas missões adicionais, ou 7%, foram coordenadas pelos militares israelitas, mas não puderam ser realizadas devido ao acesso inviável através de rotas atribuídas a Israel ou a atrasos excessivos nos pontos de controlo que impediram as janelas operacionais seguras.
Assim, a taxa de 69% de recusas pelas forças israelitas durante a primeira quinzena de janeiro mostra que aumentou de forma dramática o impedimento para levar ajuda humanitária ao norte de Gaza em comparação com os meses anteriores.
Os militares israelitas em 19 missões planeadas para levar ao norte medicamentos, combustível para reservatórios de água, poços de água e instalações de saúde no norte nas primeiras duas semanas de Janeiro, apenas autorizou uma missão. A oposição das forças israelitas aumentou os riscos para a saúde e o ambiente, ao mesmo tempo que debilitou a funcionalidade dos ainda seis em 18 hospitais parcialmente funcionais.
Desde 7 de outubro de 2023, as missões humanitárias relataram pelo menos dois incidentes envolvendo escalada de força e duas detenções de membros dos camiões humanitários. A relutância das forças israelitas em abrir simultaneamente ambas as principais rotas de abastecimento e/ou facilitar o acesso rápido através do posto de controlo que controlam resultou em problemas persistentes de segurança e proteção para os civis, incluindo as equipas de resposta humanitária.
Para além do acesso ao norte, a capacidade das agências humanitárias de operarem de forma segura e eficaz em qualquer lugar de Gaza continua fortemente comprometida pelas restrições israelitas à importação de equipamento crítico, incluindo um número suficiente de automóveis blindados e dispositivos de comunicação apropriados. A partir de 17 de janeiro, a ONU conseguiu garantir a entrada de quatro desses veículos em Gaza, embora sejam necessários muitos mais e a manutenção da frota existente seja essencial.