As inspeções demoradas de um número infindável de divisões do Estado, os mapas financeiros complexos, os sites com linhas de atendimento com técnicos que desconhecem o nosso país e o próprio Estado, as filas de madrugada para atendimentos, os serviços que fecham ainda em horário laboral normal, etc…etc… são exemplos da complexidade em que se torna impossível viver num país que tem tudo para dar certo com exceção de uma mentalidade que continua paternalista em relação a um Estado que quer controlar e mandar em tudo mas que na prática só atrapalha a vida dos cidadãos.
Se o cidadão precisa de uma licença para um projeto, lá vem a câmara, o Instituto do poder central, o arquiteto, o engenheiro civil, o técnico da segurança social, o técnico que pede o mapa, o prazo para pagar, o site que ninguém sabe mexer, etc..etc…
Quase que o cidadão precisa de uma agenda para anotar tanta pessoa, procedimento e departamento…mesmo sabendo que se houver algum problema com o dito projeto será ele próprio a ter que resolver a situação e não o Estado…
Não vos falo aqui neste artigo de um “Simplex” como foi o outro para eliminar papel e fazer enriquecer empresas de software. Falo-vos de uma reforma administrativa que torne operacional os serviços do Estado e que funda as atribuições de certos departamentos do Estado, de forma ao cidadão que queira licenciar um negócio ou que queira ter acesso a fundos, não tenha de andar como as crianças em dia de “Halloween”, num porta-a-porta, só recolhendo “travessuras” por parte do Estado…
Esta reforma administrativa é urgente de realizar, não me refiro só ao setor privado, a classe onde me insiro, só para dar um exemplo que conheço bem, entre o trabalho desenvolvido nas secretarias das escolas, um site em que um professor só sabe mexer ao final de dois anos de experiência e um serviço atulhado de trabalho nos serviços centrais da Av. 24 de Julho em Lisboa, o cidadão professor perde-se em serviços, regulamentos de tempos de serviço, declarações e técnicos por vezes mal-humorados que atendem numa linha telefónica em que o professor espera e desespera…
Muito mais haveria para dizer e todos vós em diferentes áreas pois já devem ter vivenciado situações parecidas com esta em que o Estado atrapalha e esmaga o cidadão…
É preciso pois libertarmo-nos destas amarras ideológicas e termos um Estado mais eficiente e competente.
Um Estado que não entre na casa das pessoas e vá aos seus bens, à sua capacidade de trabalho e à sua carteira.
Autor: Paulo Freitas do Amaral, Professor de História