Cerca de 540 mil estudantes de 15 anos em 72 países foram submetidos a testes de ciência, leitura, matemática e resolução colaborativa de pesquisas focadas na ciência, no âmbito do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, sigla em inglês) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A OCDE indica que os encargos por aluno no ensino primário e secundário aumentaram quase 20% desde 2006, mas apenas em 12 dos 72 países que participaram no PISA de 2015 viram progressos no domínio da ciência durante este período. Entre esses países estão os sistemas de ensino de alto desempenho de Singapura e Macau e sistemas de baixo desempenho, como Peru e Colômbia.
“As grandes inovações científicas dos últimos 10 anos não conduziram a um maior progresso no resultado da ciência na escola”, referiu Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, em Londres, durante a apresentação do relatório.
“Cada país tem espaço para melhorias, mesmo aqueles que registam melhores resultados. Em virtude dos altos níveis de desemprego juvenil, a crescente desigualdade, e as grandes disparidades entre mulheres e homens, é necessário fazer mais para garantir que todos as crianças recebam a melhor educação possível”, acrescentou Angel Gurría.
Dados sobre os alunos portugueses indicam que atingiram níveis que os situam acima da média dos países da OCDE. Em Matemática, para uma média da OCDE de 490 pontos, Portugal atingiu 492 pontos, em Ciências para uma média de 493 pontos, Portugal atingiu 501 pontos, e em Leitura para uma média da de 493 pontos, Portugal atingiu 498 pontos.
Quase 1 aluno em cada 10, nos países da OCDE, e 1 em cada 4 em Singapura, obtiveram um resultado elevado em Ciências. Na OCDE, mais de 1 em cada 5 alunos não atingiu o nível de competências básicas nesta área, apenas o Canadá, Estónia, Finlândia, Hong Kong, Japão, Macau, Singapura e Vietname têm pelo menos 9 alunos em cada 10 que possuem as habilidades fundamentais que um aluno deve possuir antes de deixar a escola.
A OCDE indica que no caso do Canadá, Dinamarca, Estónia, Hong Kong e Macau, foram atingidos padrões de excelência em termos gerais e objetivos de equidade em relação ao desempenho académico, e diversos países fizeram progressos em termos de equidade, incluindo os Estados Unidos. No entanto, na Austrália, Finlândia, Grécia, Hungria, Nova Zelândia, República Eslovaca e República Checa, a proporção de estudantes com níveis mais altos caiu ao mesmo tempo em que a participação dos países com baixo desempenho aumentou.
O Estudo PISA 2015 da OCDE mostra que no atual contexto de maciços fluxos de informação e de rápidas mudanças a todos os níveis e em todos os setores, todos os alunos (e de uma forma geral todas as pessoas) precisam de ser capazes de ‘pensar como um cientista’, ou seja, serem capazes de avaliar as provas e chegar a uma conclusão. Entender que a ‘verdade’ científica pode mudar ao longo do tempo, à medida que são feitas novas descobertas e à medida que se desenvolve uma maior compreensão das forças naturais e das capacidades e limitações da tecnologia.
Verifica-se que as diferenças por género na ciência tendem a ser menores do que na leitura e na matemática. Em 33 países e espaços económicos, a participação dos melhores desempenhos na ciência é, em média, maior entre os alunos do que entre as alunas. A Finlândia é o único país em que as alunas são mais suscetíveis de serem melhores do que os alunos.
Um em cada quatro alunos relatou que espera trabalhar numa profissão relacionada com ciência, mas as alunas procuram principalmente posições no setor da saúde e os alunos querem tornar-se profissionais de TIC, cientistas ou engenheiros.
Sobre a equidade na educação verifica-se que o Canadá, a Dinamarca, a Estónia, Hong Kong e Macau, alcançam níveis elevados de desempenho e equidade nos resultados da educação.
Os alunos mais pobres são 3 vezes mais propensos a terem piores resultados do que os estudantes mais ricos, enquanto os estudantes imigrantes têm 2 vezes mais probabilidade de terem um fraco desempenho escolar, em comparação com os alunos não-imigrantes.
Frequentar uma escola com elevada concentração de estudantes imigrantes, não está, em média, associado a um desempenho mais fraco dos alunos.
No que diz respeito ao desempenho dos alunos em leitura e matemática, verifica-se que cerca de 20% dos estudantes dos países da OCDE, em média, não atingem o nível básico de proficiência em leitura. Esta proporção permanece estável desde 2009.
Em todos os países da OCDE, verificou-se um decréscimo na pontuação média em leitura nas alunas, com uma redução de 12 pontos entre 2009 e 2015, enquanto nos alunos a pontuação média melhorou, particularmente entre os alunos com melhor desempenho.
Mais de um em cada quatro estudantes em Pequim, Xangai, Jiangsu, Guangdong e Hong Kong, Singapura e Taipé Chinês são estudantes de alto desempenho em matemática.
No que diz respeito ao desempenho escolar, pode concluir-se que o tempo de aprendizagem e a forma como as ciências são ensinadas, está fortemente associada com o desempenho dos alunos em ciências e as expectativas de prosseguirem uma carreira relacionada com ciência em comparação com o equipamento usado e a qualificação dos professores em ciências.
Estudantes em grandes escolas obtêm pontuação mais alta em ciências, em comparação com os alunos em escolas mais pequenas, no entanto, os alunos de escolas mais pequenas relataram um melhor clima disciplinar nas aulas de ciências.