Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico, político e associativo.
Nos vários exemplos de dirigentes associativos e fautores da cultura lusa na diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento do país, tem-se destacado, ao longo dos últimos anos, o percurso notável de Eduardo Eusébio em prol da língua portuguesa na Califórnia.
Natural de Fonte do Mouro, em São Brás de Alportel, vila portuguesa no distrito de Faro, onde nasceu em 1944 e frequentou o ensino elementar, a dedicação nos estudos que prossegui em Olhão. E o desejo de conhecer novos lugares e descobrir outras culturas, impeliram no final do ano de 1963 o jovem algarvio a aceitar uma proposta para estudar inglês na Califórnia, o estado com maior diáspora de origem portuguesa nos Estados Unidos da América (EUA).
A chegada ao estado mais populoso dos Estados Unidos marcou o início de uma trajetória fulgurante no campo académico, sempre com o foco direcionado para a educação e promoção da língua portuguesa na Califórnia.
Docente de português em várias universidades comunitárias, assim como de francês e espanhol no ensino secundário, tendo mesmo ocupado diversos cargos administrativos como diretor, reitor e superintendente de instituições de ensino secundário e universitário, o são-brasense foi, no ocaso dos anos 60, convidado para ser professor assistente na Universidade da Califórnia em Davis.
A solidez e diversidade da fulgurante carreira académica de Eduardo Eusébio, não impediram o mesmo de colaborar com a Universidade dos Açores na preparação de professores de português. E levaram-no inclusive, na década de 1990, a ser professor do consagrado ator norte-americano John Travolta, durante a rodagem do filme “Phenomenon” (Fenómeno), que tinha algumas falas na língua de Camões, e cuja personagem portuguesa feminina, por sua sugestão, se chamava Micaela, o nome da sua conterrânea, grande suporte e companheira de vida que tinha emigrado muito jovem para a América.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor