Em julho, foi divulgada a primeira análise ao sangue desenvolvida para avaliar o risco de uma pessoa desenvolver a doença de Alzheimer. O teste, que não ainda não teve aprovação pela agência federal norte-americana, Administração de Drogas e Alimentos (FDA, sigla em inglês), mede o nível de uma proteína chamada beta amiloide, um componente chave das placas que se formam no cérebro dos pacientes com a doença de Alzheimer, e que altera a função cerebral.
Zaldy Tan, diretor médico do Centro Jona Goldrich para Alzheimer e os Transtornos da Memória do Hospital Universitário, Cedars-Sinai, responde a algumas questões sobre a divulgada análise ao sangue para diagnóstico de Alzheimer.
1.O que são essas novas análises ao sangue?
A análise de sangue para a doença de Alzheimer é feita de uma forma conveniente para verificar se pacientes possam estar a desenvolver mudanças ou patologias do tipo da doença de Alzheimer no cérebro anos antes de começarem os problemas de memória. O desafio aqui é que essas mudanças cerebrais não significam necessariamente que causem a doença de Alzheimer, que é um diagnóstico clínico. A análise de sangue observa os traços de certas proteínas que se sabe são desenvolvidas em pacientes com doença de Alzheimer.
2.Quem deve fazer esse tipo de análise ao sangue?
Primeiro, é importante registar que o teste atualmente no mercado não foi avaliado ou aprovado pela FDA. A análise de sangue realmente deverá ser reservada a pessoas que estão sob risco ou que têm sintomas temporários de problemas de memória. Esses tipos de análise de sangue não têm lugar para pessoas que não têm fatores de risco significativos para desenvolver problemas de memória, ou que não têm problemas funcionais ou sociais relacionados à mudança cognitiva.
3.Uma análise de sangue por si só fornece informações suficientes para diagnosticar possíveis problemas de memória?
Uma análise de sangue não responderá a essa pergunta. Só um médico capacitado pode fazê-lo. Portanto, para as pessoas que estão interessadas neste tipo de análise de sangue, sugerimos que os pacientes primeiro contatem com um profissional de saúde para ver se essas análises lhe são adequadas.
As alternativas para a estas análises são os testes cognitivos, um exame neurológico ou consultas com especialistas em memória. Esta análise de sangue obtém dados ou informações entre muitas pessoas que devem ser recolhidos para saber se alguém tem sinais temporários da doença de Alzheimer.
4.Esta análise de sangue ajuda os pacientes a se qualificar para alguns dos novos tratamentos para a doença de Alzheimer, como o lecanemab?
Na verdade, confirmamos a presença de beta amiloide no cérebro e qualificamos os pacientes para esses tratamentos através de uma exploração PET do cérebro ou de uma punção lombar para analisar o líquido cefalorraquídeo. Essa análise de sangue deve ser mais testada e aprovada pelo FDA para garantir que seja confiável antes de poder ser usada para calibrar os pacientes para esses novos tratamentos.
5.Quais são os fatores de risco da doença de Alzheimer?
A idade é um dos principais fatores de risco para desenvolver a demência mais adiantada na vida. Outros incluem antecedentes familiares, especialmente a demência revelada em um parente de primeiro grau. Pessoas que sofreram uma lesão cerebral traumática ou tiveram um derrame cerebral ou têm doença de Parkinson ou outras afeções neurológicas também podem ter um grande risco de desenvolver demência.
6.O que pode fazer com que as pessoas reduzam o risco de doença de Alzheimer?
O que devemos fazer é garantir que os nossos cérebros recebam o suprimento de sangue que precisa, e isso nos assegura com um estilo de vida saudável: boa dieta, bom sono, exercício, maior socialização para garantir que essas conexões entre as células cerebrais são agradáveis e saludáveis. E, com certeza, é importante proteger o cérebro de um trauma usando um capacete quando anda de bicicleta ou está a patinar, e usar cinto de segurança quando conduz. Assim, como fazemos com nossos corações e os nossos corpos, devemos ter uma abordagem multidisciplinar para reduzir o risco de doenças cerebrais, incluindo a doença de Alzheimer.