O relatório da ‘Global Burden of Disease Cancer 2015’ publicado na revista científica ‘JAMA Oncology’, em 3 de dezembro de 2016, indica que em 2015 o número estimado de pessoas com cancro em todo o mundo foi de 17,5 milhões e que o número de mortes por cancro foi de 8,7 milhões.
O relatório conclui que entre 2005 e 2015 os casos de cancro aumentaram 33%. Um aumento que os cientistas consideram dever-se, em primeiro lugar, ao envelhecimento da população, com 16,4%, e em segundo lugar ao aumento da população, numa percentagem de 12,6%, o restante deve-se ao aumento das taxas de incidência em determinadas idades.
Globalmente, as probabilidades de qualquer pessoa vir a sofrer de cancro durante a vida foram de 1 em cada 3 homens e de 1 em cada 4 mulheres.
Por tipo de cancro, o relatório conclui que em todo o mundo o cancro da próstata foi o mais comum nos homens, com 1,6 milhões de casos, e os cancros da Traqueia, dos Brônquios e Pulmonar (TBL) e o cancro colorretal, foram a principal causa de mortes por cancro nos homens.
O cancro da mama foi o mais comum nas mulheres, atingindo os 2,4 milhões de casos, sendo também a principal causa de morte por cancro nas mulheres.
Os cancros nas idades de infância mais comuns foram a leucemia, outras neoplasias, linfoma não Hodgkin e cancro cerebral e do sistema nervoso.
O relatório indica que as mortes por cancro entre 2005 e 2015 diminuíram significativamente no caso do linfoma de Hodgkin, para cerca de 6,1%. O número de mortes também diminuiu no cancro do esófago, cancro do estômago e leucemia mieloide crónica, no entanto, estatisticamente a diminuição foi pouco significativa.
Para os cientistas os resultados do estudo demonstram que houve um progresso na guerra contra o cancro. No entanto, destacam a necessidade de maiores esforços na prevenção do cancro, incluindo a luta contra o tabagismo, vacinação e a promoção da atividade física e de uma dieta saudável.
O estudo dos cientistas indica que os casos de cancro aumentaram praticamente em todo o mundo, sendo a China “uma exceção notável”, com uma diminuição de 12% na incidência de cancro. Na Europa verifica-se que países como a França e a Itália tiveram um aumento de casos superior a 20%. Em Portugal a incidência aumentou entre 10% e 20% e em Espanha a incidência situou-se num intervalo inferior ou igual a 10%.
O relatório de que é primeira autora a cientista Christina Fitzmaurice, da Universidade de Washington, Seattle, nos Estados Unidos da América (EUA), teve a colaboração de cientistas de todo o mundo, de entre os quais, José das Neves do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, da Universidade do Porto, João Fernandes do Centro de Biotecnologia e Química Fina, Faculdade de Biotecnologia, Universidade Católica do Porto e David M Pereira da Universidade do Porto.