O medicamento teriflunomida pode atrasar os primeiros sintomas de Esclerose Múltipla (EM) em pessoas com a doença confirmada por exames de ressonância magnética, mesmo que ainda não tenham sintomas da doença. O estudo é apresentado na 75ª Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, que tem lugar de 22 a 27 de abril de 2023, nos EUA.
A doença é diagnosticada por ressonância magnética em pessoas que não apresentam sintomas de EM, mas que apresentam anormalidades no cérebro ou na medula espinhal. Lesões, semelhantes às observadas em pacientes com EM, a designada síndrome radiologicamente isolada.
A EM é uma doença em que o sistema imunológico do corpo ataca a mielina, a substância gordurosa branca que isola e protege os nervos. Os sintomas da EM podem incluir fadiga, dormência, formigamento ou dificuldade em caminhar.
Com cada vez mais pessoas a fazer ressonâncias magnéticas cerebrais, devido a vários motivos, como dor de cabeça ou traumatismo craniano, mais casos de EM estão a ser descobertos precocemente indicou Christine Lebrun Frenay, do Hospital Universitário de Nice, na França, e membro da Academia Americana de Neurologia.
A investigadora referiu: “Quanto mais cedo uma pessoa puder ser tratada à EM, maiores serão as possibilidades de retardar o dano à mielina, o que diminui o risco de comprometimento neurológico permanente e sintomas debilitantes”.
O estudo envolveu 89 pessoas com síndrome radiologicamente isolada. Metade das pessoas recebeu diariamente 14 miligramas (mg) de teriflunomida e a outra metade recebeu um placebo. Os doentes foram acompanhados durante dois anos.
Os investigadores verificaram que durante o estudo, no grupo das pessoas que tomaram o placebo, 20 apresentaram sintomas de esclerose múltipla e no grupo que tomou o medicamento apenas oito pessoas desenvolveram sintomas de esclerose múltipla.
Depois de ajustar para outros fatores que poderiam afetar o risco de desenvolver sintomas, os investigadores descobriram que as pessoas que tomavam teriflunomida tinham um risco 72% menor de apresentar os primeiros sintomas do que aquelas que tomavam placebo.
“As nossas descobertas sugerem que a intervenção precoce com teriflunomida pode ser benéfica para os diagnosticados com síndrome radiologicamente isolada, a fase pré-sintomática da EM”, referiu Lebrun Frenay.
No entanto, a investigadora acrescentou: “São necessárias mais investigações em maiores grupos de pessoas para confirmar as descobertas. Além disso, é importante que os médicos sejam cautelosos ao usar os conhecimentos de ressonância magnética para diagnosticar a condição, selecionando apenas pacientes com risco de desenvolver EM e não aumentando os diagnósticos incorretos de ressonância magnética”.