Na área digital persistem assimetrias entre homens e mulheres que apenas podem ser ultrapassadas com o reforço do investimento na promoção de competências digitais da população, hoje decisivas para o exercício de uma cidadania plena, refere a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, em comunicado, no dia em que se assinala o Dia Internacional da Mulher.
A CCDR Algarve indica que o setor digital é, em Portugal e no Algarve, dos que maior expansão tem registado nos últimos anos, onde persistem oportunidades de emprego por preencher, mas em que também persistem disparidades na procura de qualificações.
Há, no entender da CCDR Algarve, ainda um caminho por percorrer, mas indica que o país dispõe de estratégia, instrumentos e vontades para enfrentar, com êxito, a transição digital, que se encontra plasmada na Iniciativa Portugal INCoDe.2030, e do Programa EuSouDigital.
CCDR Algarve e a Igualdade de Género
Faz parte da CCDR Algarve o compromisso com a Igualdade de Género, referindo que esse compromisso lhe vem, em primeiro lugar, “do disposto na Constituição da República Portuguesa (artigo 13.º) bem como na Resolução do Conselho de Ministros n.º 161/2008, de 22 de outubro que manda “Adotar medidas de promoção da transversalidade da perspetiva de género na administração central do Estado”, e “da consciência dos desafios que, nesta matéria, as instituições, as populações, e a região terão de enfrentar nos próximos anos.”
A CCDR Algarve refere que de “acordo com o Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES), em 2022 Portugal progrediu uma posição no ranking dos 27 Estados-Membros da UE no que concerne o Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES), ocupando agora o 15.º lugar.”
Também no “setor das TIC, a mulher portuguesa especializada no setor nas novas tecnologias aumentou para 4.7% conforme realça a estrutura da Iniciativa Nacional Competências Digitais e.2030, Portugal INCoDe.2030.”
Dados dos censos de 2021 indicam que em Portugal as mulheres preferiram integrar as áreas da “Educação” (84,4%) e da “Saúde e proteção social” (77.2%). Nas áreas de estudo STEM – Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemáticas, os homens, com 36,9%, representam o dobro das mulheres que apenas têm 13,4%, nesse setor. A diferença salarial entre homens e mulheres do setor é de 15%, contudo é inferior à diferença salarial europeia que é de 19%. Comparativamente os demais Estados Membros da União Europeia a posição europeia ocupada demonstra que existem mais portuguesas empregadas no setor do que na média europeia ocupando o 8.º lugar.
Desafios e oportunidades
A União Europeia (UE) tem como objetivo alcançar 20 milhões de pessoas especializadas nas novas tecnologias, empregadas no setor até 2030. Um marco que também corresponde ao do Programa Europeu da Década Digital, pelo que a UE propõe-se ainda incrementar a percentagem de mulheres a trabalhar no setor.
Um estudo da consultora McKinsey concluiu que ao aumentar a percentagem de participação das mulheres no setor das novas tecnologias em 45%, até 2027, então o produto nacional bruto da Europa poderia aumentar de 260 mil milhões de euros para os 600 mil milhões de euros. O Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE) sublinha a que o PIB per capita nessas condições passaria de 2,2 para 3%, em 2050.
Para a CCDR Algarve “é indispensável reforçar os princípios de conciliação a nível laboral, sendo que a existência de um ponto de equilíbrio no setor profissional, levará a uma diminuição dos custos sociais de contexto na economia nacional e europeia”.
Um recente estudo europeu, citado pela CCDR Algarve, “demonstra que é difícil para as mulheres alcançarem lugares de topo no setor digital. Assim em 2019, apenas 19% das mulheres eram empresárias no setor e 93% do investimento realizado pelas empresas europeias iam para equipas de trabalho compostas por homens. Não obstante, a pequena percentagem de mulheres empreendedoras, estudos apontam para o facto das suas empresas serem mais bem-sucedidas.”
O Comunicado da CCDR Algarve refere ainda que “o impacto do fosso de género e os preconceitos no futuro das novas tecnologias não podem ser desvalorizados. As novas tecnologias indicam valor de desenvolvimento. Big Data, algoritmos e inteligência artificial são cada vez mais importantes na vida das pessoas pelo que é indispensável a aposta na transição digital.”
União Europa e a Região algarvia com trabalho comum
Para promover a participação das mulheres a UE e a Região algarvia apostam: “em erradicar os estereótipos de género”; “promover a educação digital” e “apostam em mulheres empresárias”. Releva-se que no que “concerne os estereótipos de género a nível do digital, a União Europeia tem dinamizado boas práticas através de prémios europeus de competência digital e aumento do número de mulheres especializadas nas novas tecnologias.”
A CCDR Algarve conclui referindo que, “enquanto Autoridade de Gestão do Programa Regional ALGARVE 2030 tem a responsabilidade de implementar a Estratégia ALGARVE 2030 mobilizando os Fundos Europeus geridos na região na transição digital e nos termos regulamentares valorizaremos a promoção da igualdade de género na aprovação das candidaturas”.