O comércio de espécies selvagens tornou-se um setor dominado por grupos organizados de criminosos, que envolve somas da ordem dos milhares de milhões de euros. O risco dos traficantes virem a serem chamados à justiça é baixo e o retorno financeiro elevado.
Esta situação atrai grupos criminosos para a exploração ilegal de espécies selvagens capturadas e retiradas do seu habitat, e assim financiarem as suas atividades criminosas, indica relatório da eurodeputada Catherine Bearder, sobre o plano de ação da UE contra o tráfico de espécies selvagens.
Já ouviu falar de pangolins? A questão é colocada pelo Parlamento Europeu, em comunicado, e acrescenta que as possibilidades de os ver de perto são praticamente nulas.
Os mamíferos pangolins são os mais traficados em todo o mundo e como os rinocerontes e os elefantes estão agora perto da extinção. Um exemplo de tráfico de animais selvagens que representa uma séria ameaça à sobrevivência dos nossos ecossistemas.
Os deputados ao Parlamento Europeu debatem, em 23 de novembro, e votam no dia seguinte, um relatório da eurodeputada Catherine Bearder sobre a forma como a União Europeia (UE) e os seus Estados-Membros devem intensificar os esforços para combater o tráfico de animais selvagens.
“É uma responsabilidade partilhada dos Estados-Membros da UE fazerem face ao desafio e enfrentar este crime organizado e destrutivo que está a desestabilizar muitas partes do mundo”, referiu Catherine Bearder, membro britânico do grupo ALDE.
O tráfico de animais selvagens reduz a biodiversidade, desestabiliza os ecossistemas e põe em perigo a sobrevivência de numerosas espécies animais como os tigres, os tubarões e espécies de plantas, como madeiras tropicais e orquídeas.
Nos últimos anos, o tráfico de animais selvagens atingiu níveis sem precedentes devido ao aumento da procura mundial de fauna e produtos afins, refere comunicado do Parlamento Europeu.
Grupos organizados de criminosos estão cada vez mais envolvidos no tráfico de animais selvagens, pois o risco de deteção é baixo e as recompensas financeiras são altas. Os recursos são muitas vezes usados para financiar milícias e grupos terroristas.
Produtos contrabandeados de vida selvagem também podem ser vendidos através de canais legais, por exemplo, usando documentos fraudulentos, para que os consumidores não possam conhecer verdadeiramente se a origem é ilegal.
A União Europeia não é apenas um importante mercado de destino para os produtos selvagens ilegais, mas também serve de centro de trânsito para o tráfico para outras regiões, e certas espécies na UE, como a enguia europeia, também estão sujeitas ao tráfico de animais selvagens.
Plano de ação da UE
No início de 2016, a Comissão Europeia lançou um plano de ação sobre o tráfico de animais selvagens, que a UE e os seus Estados-Membros têm de implementar até 2020.
A comissão do ambiente do Parlamento aprovou, no passado dia 13 de Outubro, o relatório de iniciativa de Catherine Bearder sobre o plano de ação.
O plano de ação tem três prioridades: prevenção, aplicação e cooperação.
“O plano de ação deve prevenir o tráfico de animais selvagens e resolver a raiz da sua origem”, disse Catherine Bearder, acrescentando: “Temos de garantir a aplicação efetiva e execução das regras existentes”.
No que se refere à cooperação, a deputada europeia salientou a importância da cooperação global entre os países onde vivem os animais, os países de trânsito e os países onde os produtos foram comprados.