A França, um dos principais países produtores de vinho no mundo, tem na região de Bordéus, uma das suas mais afamadas regiões vinícolas, a origem de um dos mais emblemáticos símbolos da cultura e gastronomia gaulesa: o vinho de Bordéus.
Com uma produção anual de mais de 700 milhões de garrafas, a região de Bordéus, no sudoeste de França, produz uma enorme quantidade de vinhos de mesa para o dia-a-dia, assim como, também dos mais prestigiados e conhecidos vinhos de luxo a nível mundial.
Entre os maiores produtores de vinhos de Bordéus, destaca-se o franco-português José Rodrigues, detentor de quatro propriedades, “châteaux”, identificadas como Domaines Rodrigues-Lalande, com mais de 70 hectares de vinha e uma produção anual de mais de 500 mil garrafas.
Natural da freguesia de Vinhós, concelho de Fafe, território minhoto fortemente marcado pelo fenómeno migratório para o Brasil no alvorecer do séc. XX, e para França na década de 1960, época em que José de Matos Rodrigues chegou ao território gaulês com os pais, apenas com meio ano de idade, e onde tinha já um avô instalado desde 1929 no promontório de Cap Ferret.
O trabalho, o esforço e a resiliência, valores coligidos no seio familiar, impulsionaram o jovem oriundo de Fafe, numa primeira fase a formar-se em engenharia química, que o levou a trabalhar durante oito anos na indústria da energia, e mais tarde, a seguir a paixão do vinho, herdada do avô, e a formar-se como enólogo em Bordéus.
Tendo começado por adquirir o setecentista Château de Castres, e depois o Château de Beau-Site e de Roche-Lalande, e mais recentemente o Château du Pont Saint Martin, onde se encontra uma bandeira portuguesa hasteada à entrada, José Rodrigues tem-se destacado pela dedicação, tradição e inovação na produção de vinhos. Premissas que concorrem para que os mesmos sejam servidos em cerca de uma centena de restaurantes em Bordéus, e estejam presentes em todo o mundo, desde a Tailândia a Nova Iorque.
Mantendo uma relação estreita com a família portuguesa, e também com a que vive no Brasil, José Rodrigues tem nos últimos anos apostado também no enoturismo, através da oferta de alojamento, espaços para seminários, reuniões e provas de vinhos. Simultaneamente tem procurado estreitar os laços com a comunidade luso-francesa, constituída por milhares de compatriotas, como por exemplo, através da iniciativa que ocorreu no ano transato, quando a associação “O Sol de Portugal” de Bordéus, no âmbito do seu 40.º aniversário organizou uma sessão de fotografias, seguida de uma prova de vinhos no Château Pont Saint-Martin.
Uma das figuras mais conhecidas da comunidade lusa em Bordéus, o exemplo de vida do produtor de vinho franco-português, José Rodrigues, que a breve trecho tem intenção de comprar uma quinta no Douro, uma zona vinícola portuguesa de eleição, recorda-nos a máxima do escritor renascentista francês Rabelais: “O vinho tem o poder de encher a alma de toda a verdade, de todo o saber e filosofia”.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor