Estima-se que apenas cerca de 5% dos fumadores de tabaco consiga deixar de fumar sem apoio profissional. È conhecido que o aconselhamento especializado por parte de um profissional de saúde aumenta a taxa de sucesso do abandono do tabagismo.
Para alertar para os benefícios da cessação tabágica, 72 farmácias Holon, de norte a sul do país, estão envolvidas numa Campanha de sensibilização “Uma nova vida para os seus pulmões”. A campanha, no âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco e Dia Europeu do Ex. Fumador, 31 de maio, tem o apoio da Fundação Portuguesa do Pulmão e da Niquitin.
“Apesar de existir uma tendência decrescente no número de fumadores, a verdade é que os últimos quase 2 anos de pandemia tiveram um impacto negativo no apoio profissionalizado prestado aos fumadores que querem deixar de fumar” referiu Sofia Ramos, responsável pelo projeto nas Farmácias Holon.
“Com esta campanha procuramos reforçar o impacto positivo da cessação tabágica, não só na saúde do fumador, como na saúde de todos os que o rodeiam e promover o acompanhamento prestado pelo farmacêutico comunitário junto das pessoas que querem deixar de fumar, garantindo o aumento das possibilidades de sucesso na manutenção da abstinência definitiva do tabaco” acrescentou Sofia Ramos.
Fumar afeta todo o organismo humano, sendo causa ou fator de agravamento das doenças crónicas não transmissíveis mais prevalentes, em particular do cancro, das doenças respiratórias, das doenças cardiovasculares e da diabetes, para além de outros efeitos nocivos ao nível da saúde sexual e reprodutiva, da saúde ocular, da saúde oral e do envelhecimento da pele.
“A cessação tabágica pode contribuir para diminuir a frequência de outras doenças que não o cancro do pulmão. Desde logo e dentro da oncologia, o hábito tabágico aumenta a frequência de outras neoplasias, da laringe, do estômago, esófago, cavidade bucal e mesmo leucemias” referiu José Alves, Presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, citado em comunicado.
Também “a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é provocada, em 90% dos casos, pelo hábito tabágico, é consequência das alterações arquitetónicas do pulmão e da destruição das paredes alveolares. Esta doença provoca muitos internamentos e mortes precoces” explicou José Alves.
Mais ainda acrescentou o especialista: “O hábito tabágico pode provocar intoxicação por CO, 20% da hemoglobina, proteína transportadora do oxigénio (O2) e da dióxido de carbono (C02), fica bloqueada nos fumadores de um maço por dia”.
“Finalmente, fumar sobe o risco de pneumonias por aumento das secreções e perda de eficácia do sistema muco ciliar. Parar de fumar é o ato isolado que mais melhora a qualidade e esperança de vida”, referiu o Presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão.
A iniciativa vai permitir sensibilizar e promover o conhecimento da população sobre os benefícios da cessação tabágica, mas as farmácias vão também acompanhar as pessoas motivadas para deixar de fumar, durante 1 ano. Este acompanhamento consiste em 7 consultas. A primeira consulta destina-se, principalmente, à recolha de informação e avaliação clínica do fumador, nomeadamente na avaliação do seu grau de dependência e de motivação para deixar de fumar.
Para José Alves “o(a)s farmacêutico(a)s podem ter um papel muito importante na cessação tabágica. Pela disponibilidade, pela proximidade e pela assertividade:
■ Na disponibilidade por estarem mais perto do fumador e poderem ser contactado(a)s de forma rápida e fácil. Marcar uma consulta com o médico de família é bem mais complicado que usar uma ida rotineira à farmácia.
■ Na proximidade, porque tudo fica facilmente disponível, o conselho clínico, a definição do método e o uso de substitutos de nicotina.
■ Pela assertividade, porque sendo sabedores da dificuldade da cessação e conhecedores das diferentes formas de ajudar, conhecendo, também, os seus utentes sabem qual o melhor método, o mais eficaz em cada caso”.