Cientistas descobriram o que pode causar a resistência aos medicamentos utilizados no tratamento da Leucemia Mieloide Aguda (LMA), um cancro do sangue raro e devastador que leva à morte a maioria dos pacientes em poucos anos. A LMA é responsável por aproximadamente 0,8% de todos os cancros diagnosticados, com uma taxa de 3,7 por 100.000 pessoas. Este cancro pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em adultos (homens) com mais de 60 anos.
No estudo já publicado na revista de hematologia, “Blood”, investigadores da University of South Australia e do SA Pathology ’s Center for Cancer Biology descrevem a descoberta de como suprimir uma proteína específica que promove a resistência a medicamentos que são frequentemente usados para tratar pacientes com leucemia mieloide aguda
Stuart Pitson, um dos principais autores do estudo, refere que a descoberta pode revolucionar o tratamento da leucemia mieloide aguda. Um cancro do sangue e da medula óssea que se caracteriza por uma superprodução de glóbulos brancos cancerosos chamados blastos leucémicos.
Estes chamados blastos leucémicos eliminam os glóbulos brancos normais, que não podem fazer seu trabalho habitual de combate à infeção, aumentando assim o risco de infeções, baixos níveis de oxigénio e derramamento de sangue.
O hematologista do SA Pathology, David Ross, indicou que muitos pacientes com LMA respondem inicialmente a Venetoclax, uma nova terapia para LMA, mas com o tempo as células da LMA tornam resistentes à terapia.
Com recurso a um grande banco de biópsias de LMA, doadas por pacientes e modelos pré-clínicos avançados, os investigadores do SA Pathology demonstraram que, ao modular o metabolismo de lipídios no corpo, a proteína Mcl-1 é inibida nas células de LMA – a proteína que facilita o uso a resistência aos medicamentos.
“O processo torna as células LMA extremamente sensíveis ao Venetoclax, deixando os glóbulos brancos normais inalterados”, diz o investigador do SA Pathology e coautor principal, Jason Powell.
Os cientistas estão a trabalhar para otimizar os medicamentos para serem levados a ensaios clínicos para pacientes com LMA. Dado que “para a maioria das pessoas com LMA, as hipóteses de sobrevivência a longo prazo não são melhores agora do que eram no século passado”, referiu David Ross.
O cientista concluiu: “Agora, temos a hipótese de remediar isso. Os novos tratamentos que previnem a resistência ao Venetoclax têm o potencial de prolongar a sobrevida ou até mesmo aumentar as hipóteses de cura de uma doença para a qual são desesperadamente necessários melhores resultados”.