A campanha da pesca da sardinha teve início a 2 de maio. A sardinha é uma espécie nobre e de eleição dos portugueses, com qualidade reconhecida internacionalmente. Na campanha deste ano os pescadores de barcos da frota do cerco vão poder capturar até 29,4 mil toneladas, mais duas mil que em 2021.
Em nota, a a conserveira centenária de Matosinhos, Pinhais, que é um símbolo incontornável da indústria conserveira nacional, indica que planeia absorver cerca de 900 toneladas de sardinha, que corresponde a quota semelhante à de 2021. Uma quantidade que foi usada em 4,1 milhões de latas de conservas.
A Pinhais é a única conserveira em Portugal que mantém toda a sua produção elaborada através do método tradicional. O arranque dá-se com o início da campanha e segue-se todo o ritual que é preservado há mais de 100 anos.
Numa tradicional ligação muito forte à comunidade piscatória local, a conserveira começa o dia bem cedo na Lota de Matosinhos, onde participa nos leilões dos cabazes, de 22,5 Kgs de sardinha. Um processo essencial para assegurar a adequação dos produtos da Pinhais e garantir a sustentabilidade da comunidade piscatória local.
“A Pinhais está fortemente convicta do seu papel na compra do cabaz da sardinha ao preço justo ao pescador. É um comentário habitual na lota de Matosinhos que, quando a Pinhais se vai embora, o preço do cabaz da sardinha baixa. É fundamental não deixar o preço do cabaz ir a preços que não permitam a saída dos barcos e nós estamos bem cientes disso”, explicou o gerente da Pinhais, João Paulo Teófilo.
Para a Pinhais, a quota estipulada para captura de sardinha na campanha deste ano “é o esperado e vai permitir que a indústria tenha acesso à sardinha em condições equilibradas.”
Nesta época estão envolvidos todos os colaboradores da Pinhais, sendo 93% no processo produtivo, e 7% no Museu-Vivo Conservas Pinhas Factory Tour, a maioria colaboradores com muitos anos de experiência e tempo na empresa. É neste período que é produzido o que a empresa vende ao longo do ano. Todo o processo, que é integralmente manual e que envolve cerca de 40 etapas, garante a qualidade reconhecida aos produtos da marca.
Após a compra, a sardinha é cortada e é retirada toda a tripa para evitar o amargor no processo de conservação. De seguida a lavagem das sardinhas nas grelhas para eliminar quaisquer impurezas que adulterem o processo de maturação e o corte dos ingredientes frescos, como a cenoura ou a malagueta.
Mantendo o processo tradicional a Pinhais procede à pré-cozedura nos fornos a vapor, a que se segue o arrefecimento, o enlatamento e a esterilização. Depois segue-se a maturação das conservas, durante o período do ano restante.
“No final da época da sardinha, todos os colaboradores anseiam pela sardinha mais gorda e por ter sardinha com ovas, uma verdadeira delícia. No ano passado, no último mês de produção, em novembro, a Pinhais teve a sorte de ter ovas. A última vez tinha ocorrido em 2019”, conclui João Paulo Teófilo.
Para a Pinhais este período nobre de produção artesanal da sardinha de Matosinhos é sinónimo de grande “frenesim”, mas também de “celebração, entusiasmo e alegria entre os seus colaboradores”.