Quando as questões energéticas se colocam aos diversos níveis económicos e de sustentabilidade ambiental, questões que podem arrastar para conflitos sociais e militares, entre países, a transição energética assume relevo em todo o mundo.
No Parlamento Europeu a eurodeputada portuguesa, Maria da Graça Carvalho, sublinhou na Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros (FEMM, sigla em inglês), que as mulheres devem desempenhar um papel de “agentes de mudança na transição energética (como profissionais, como tomadoras de decisão, como consumidores de energia) ”, e defendeu “a necessidade de um quadro de igualdade de género” nas medidas que a União Europeia adote no domínio da transição energética.
No âmbito do Parecer Eficiência Energética, dirigido à Comissão da Indústria, Investigação e Energia (ITRE, sigla em inglês), Maria da Graça Carvalho anunciou que pretende introduzir várias emendas para permitam relevar o papel da mulher em todo o processo.
Emendas que devem ter em conta “a valorização do papel da mulher como empreendedora e líder empresarial”, neste caso, enfatizando “as oportunidades decorrentes de formações bem elaboradas, cursos de qualificação e programas para aumentar as carreiras nas áreas CTEM (Ciência, Tecnologia Engenharia e Matemática), tanto nas Universidades quanto nos ambientes profissionais”
Para a eurodeputada, eleita nas listas do PSD, é importante “um planeamento energético inclusivo de género, que deve levar em consideração os diversos impactos da transição energética nas famílias, mães solteiras, estudantes e idosos”, e sublinha “as oportunidades de capacitar cidadãos, famílias e agregados familiares também através de uma melhor integração das comunidades energéticas no sistema energético e destacando o papel das mulheres nas escolhas energéticas das pessoas”.
“As mulheres têm um papel muito grande na tomada de decisões que afetam a economia familiar, onde o custo da energia tem um peso muito significativo”, referiu a eurodeputada, e acrescentou: “Por isso, é simplesmente irrealista acreditar que se alcançarão as metas estabelecidas em termos de transição energética sem um forte envolvimento das mulheres”.
Na intervenção na FEMM, Maria da Graça Carvalho abordou também a questão da pobreza energética, e alertou para o risco de iniciativas de outros eurodeputados que têm o objetivo de limitar o leque de cidadãos que poderão ser abrangidos por medidas de apoio, e indicou: “Nas suas propostas para substituir conceitos de clientes vulneráveis por famílias de baixo rendimento, temo que corramos o risco de subestimar os impactos noutras categorias de pessoas, bem como nas PME. Quem não está vulnerável hoje pode sê-lo daqui a alguns anos, e é exatamente isso que temos de evitar”.
Nesse sentido defendeu a manutenção da proposta original da Comissão Europeia referindo: “Os pobres ao nível da energia não são apenas aqueles com baixos rendimentos, mas a sua definição varia de país para país. É por isso que a pobreza energética continuará a ser uma competência nacional da política social de cada Estado-Membro”.