O comité Nobel da Academia Real de Ciências da Suécia concedeu o Prémio Nobel de Literatura 2021 ao romancista tanzaniano Abdulrazak Gurnah. Um reconhecimento “pela sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes”.
O escritor Abdulrazak Gurnah nasceu em 1948 e cresceu na ilha de Zanzibar, mas chegou à Inglaterra como refugiado no final da década de 1960, onde foi professor de Inglês e Literaturas Pós-coloniais na Universidade de Kent, em Inglaterra.
Com dez romances e vários contos já publicados, o tema da perturbação do refugiado permeia todo o seu trabalho. Entre as obras publicadas o ‘Paraíso’ (1994), o quarto romance, foi “a sua descoberta como escritor, evoluiu de uma viagem de pesquisa à África Oriental por volta de 1990. É um relato de amadurecimento e uma triste história de amor em que diferentes mundos e sistemas de crenças colidir”, descreve o comité do Prémio Nobel.
No romance ‘Deserção’ (2005) sobre um caso de amor torna-se uma contradição cega ao que Abdulrazak Gurnah chamou de “romance imperial”, o escritor “rompe conscientemente com as convenções, invertendo a perspetiva colonial para destacar a das populações indígenas.”
Em Abdulrazak Gurnah a insistência à verdade e à aversão à simplificação são permanentes e os “seus romances recuam de descrições estereotipadas e abrem nosso olhar para uma África Oriental culturalmente diversificada, desconhecida para muitos em outras partes do mundo.”
O Comité Nobel lembra que no universo literário de Gurnah, tudo está a mudar – memórias, nomes, identidades. Uma exploração sem fim impulsionada pela paixão intelectual está presente em todos os seus livros, e igualmente proeminente agora em ‘Afterlives’ (2020)”.