Em tempo dos primeiros passos nenhum pai quer ouvir a palavra “cancro”. Felizmente, poucos terão de enfrentar o facto, mas é sempre bom estar atento aos sinais que podem justificar uma análise médica mais aprofundada.
O cancro é o principal causador de doenças infantis e a taxa de sobrevivência de cinco anos para cancros infantis é de 80%.
“O cancro pediátrico é muito raro”, indicou Lisa McGregor, especialista em hematologia e oncologia pediátrica no Penn State Health Children’s Hospital. “Mesmo se notar algo novo, provavelmente será causado por algo diferente de cancro.”
Ficar atento
Os pais, refere Lisa McGregor, não devem ignorar vários sinais característicos que exigem consulta a um pediatra, tais como:
■ Um caroço na barriga da criança pode sugerir uma massa abdominal.
■ Gânglios linfáticos inchados que permanecem aumentados para lá de algumas semanas, especialmente na ausência de doença respiratória, podem sugerir leucemia ou linfoma.
■ Pele pálida e hematomas inexplicáveis podem ser um sinal de alerta para leucemia.
■ Uma nova dor de cabeça intensa no início da manhã ou acompanhada de vómito pode indicar um tumor cerebral.
A leucemia é a forma mais comum de cancro infantil, seguida por tumores do sistema nervoso central, no cérebro e na medula espinhal, esclareceu a especialista.
Para a grande maioria das crianças, não há testes de rastreio recomendados para cancro, e estudos descobriram que detetar o cancro mais cedo não afeta o curso da doença para o cancro mais comum, a leucemia, referiu a médica.
Fatores genéticos são importantes
Uma pequena percentagem de crianças que desenvolvem cancro – cerca de 10% – tem uma predisposição genética que seus pais podem ou não saber.
Essas predisposições vêm à tona somente quando o primeiro caso de cancro surge na família, sinalizando a oportunidade para outros membros da família serem testados para a predisposição, referiu Daniel McKeone, especialista em cancro pediátrico no Penn State Health Children’s Hospital.
A polipose adenomatosa familiar traz o risco de vários tipos de cancro, incluindo do cólon e do fígado. Como o risco de tumores hepáticos é maior até os 7 anos de idade, as crianças com essa predisposição serão examinadas com ultrassom e exames de sangue a cada seis meses. Como o risco de cancro de cólon aumenta aos 10 anos, eles começam a fazer endoscopias anuais, referiu Daniel McKeone.
É importante serviços clínicos que deem resposta a crianças com síndrome de Li-Fraumeni, causada por uma mutação, ou alteração, no gene TP53, que normalmente atua como um gene supressor de tumor. Essas crianças correm um risco muito maior de desenvolver qualquer tipo de cancro e, muitas vezes, no início da vida. Essas crianças precisam de vigilância de corpo inteiro frequente com ressonâncias magnéticas.
Para apoiar e orientar a família na complexa jornada de lidar com a predisposição de uma criança é fundamental uma coordenação entre vários especialistas.
Algumas predisposições genéticas, como a mutação do gene BRCA que pode causar cancro de mama e de ovário, não são rastreadas durante a infância, pois o risco apresenta-se principalmente já em alguma idade adulta.
A coisa mais importante que os pais podem fazer para manter seus filhos saudáveis é acompanhar as consultas de puericultura. “Por exemplo, no check-up regular do seu filho, o pediatra olha para o olho do seu filho com um oftalmoscópio – é um exame precoce do cancro ocular”, explicou Lisa McGregor. “O pediatra do seu filho é a sua primeira linha de defesa.”