Os Estados Unidos têm a obrigação legal e moral de ajudar a população afegã depois da tomada do poder pelos talibãs, refere a investigadora da West Virginia University, Karen Culcasi. A investigadora possuiu uma larga experiência em trabalho com refugiados e mulheres no mundo árabe.
A liderança do Talibã declarou que protegeria os direitos das mulheres, mas Karen Culcasi duvida e teme pela segurança de mulheres e meninas no Afeganistão, e refere: “Mulheres e meninas estão a ser drasticamente afetadas pela retirada (dos EUA)”.
O poder Talibã implantado no Afeganistão e “que os EUA derrubaram em 2001, oprimiu as mulheres tão severamente desde o início dos anos 1990 que a invasão dos EUA em 2001 foi justificada, em parte, para ‘libertar’ mulheres e meninas do seu poder”.
Mas “embora os 20 anos dos EUA e da OTAN no Afeganistão tenham sido violentos, opressores e tenham causado a morte a mais de 100.000 civis, policias e soldados afegãos, o derrube dos talibãs melhorou muito os direitos das mulheres. As oportunidades de emprego e a representação política aumentaram para as mulheres, enquanto os casamentos infantis e a mortalidade materna diminuíram”.
Na educação as melhorias foram profundas, com “aproximadamente 900.000 meninos na escola em 2001, no início de 2021, havia 9,2 milhões de crianças na escola, das quais 39% eram meninas”.
A investigadora refere que “com os Talibãs de volta a Cabul, mulheres e meninas correm o risco de estarem de volta às suas casas e terem as suas oportunidades educacionais negadas. Os Talibãs recentemente prometeram permitir que as meninas frequentem a escola e que serão ‘inclusivas’ no seu governo, mas essas (promessas) são apenas palavras”.
“Além das mulheres e meninas, existem cerca de 300.000 afegãos que trabalharam para o Governo dos Estados Unidos e as suas vidas estão agora em perigo. Em 2009, os EUA começaram a emitir vistos especiais de imigrantes para afegãos que tiveram a segurança ameaçada devido à sua associação com os EUA. Mas o processo de emissão de vistos tem sido lento e beneficiou apenas uma pequena fração desses afegãos”.
A investigadora indica que “à medida que esta catástrofe continua a desenrolar-se, precisamos fazer algumas perguntas filosóficas sérias sobre o valor das ações militares e neoimperiais dos EUA no Afeganistão (e em todo o mundo) e sobre a responsabilidade dos EUA em proteger as pessoas marginalizadas. Mas precisamos de agir rapidamente para emitir vistos e ajudar os afegãos a procurar segurança no Irão, Paquistão e nos EUA”.
Karen Culcasi concluiu referindo: “Os EUA são legalmente obrigados a ajudar os refugiados e moralmente obrigados a limpar a trapalhada que fizemos.”