Um adesivo que captura os compostos libertados pela pele constitui um novo meio de diagnosticar a tuberculose. Um recurso inovador desenvolvido por cientistas do Technion – Instituto de Tecnologia de Israel que usa uma análise dos compostos através de inteligência artificial (IA) e assim fornece um diagnóstico rápido e não invasivo. Em futuras implementações, os cientistas planeiam integrar sensores no adesivo e possibilitar a leitura dos resultados pelo smartphone.
A tuberculose é prevalente nos países em desenvolvimento, onde se registam 95% dos casos. Em 2019, cerca de 10 milhões de pessoas contraíram tuberculose e 1,4 milhão morreu da doença. Estima-se que cerca de um terço da população mundial esteja infetada pela bactéria da tuberculose.
Desde 1993, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define a tuberculose como uma “emergência de saúde global”. O tratamento eficaz para a tuberculose está disponível, mas o diagnóstico continua a ser um obstáculo, com cerca de 3 milhões de casos a não serem anualmente diagnosticados.
Os primeiros sintomas da tuberculose não são específicos, o que complica o diagnóstico. Por outro lado os métodos de diagnóstico atualmente existentes são lentos e, às vezes, muito complexos e caros para países, entidades ou pessoas com poucos recursos. Por exemplo, um simples exame pode custar de 2,60 a 10,50 dólares, o que é muito caro quando o rendimento das pessoas, por dia, é de 1 dólar, e um teste de cultura de micobactérias leva de 4 a 8 semanas e são necessárias pelo menos três visitas do paciente para finalizar o diagnóstico e começar o tratamento.
Para a OMS é fundamental o desenvolvimento de um teste de tuberculose rápido, barato e eficiente para combater a doença. Uma equipa de cientistas liderada por Rotem Vishinkin criou um adesivo para ser aplicado no braço do paciente. Contendo uma bolsa de material absorvente, o adesivo recolhe compostos libertados pela pele.
O dispositivo baseado no estudo de prova de conceito, chamado A-patch, já está em testes clínicos. Rotem Vishinkin, o líder científico do projeto, explicou: “Os nossos estudos iniciais, feitos num grande número de indivíduos na Índia e na África do Sul, mostraram alta eficácia no diagnóstico da tuberculose, com mais de 90% de sensibilidade e mais de 70% de especificidade. Mostramos que a tuberculose pode ser diagnosticada por meio dos compostos liberados pela pele. Nosso desafio atual é minimizar o tamanho do conjunto de sensores e encaixá-lo no adesivo.”
A plataforma que o grupo de cientistas está a desenvolver é barata, rápida e simples na sua utilização e não requer pessoal especialmente treinado. Os cientistas esperam que a mesma metodologia e a mesma plataforma possam, no futuro, ser usadas para diagnosticar outras doenças e condições, tornando o diagnóstico eficaz acessível a áreas remotas do mundo.
Os estudos clínicos foram conduzidos na Universidade da Cidade do Cabo e no Hospital Groote Schuur, na África do Sul, no Instituto de Ciências Médicas da Índia, na Índia, e na Universidade da Letónia e no Hospital da Universidade de Riga East, na Letónia. O estudo foi apoiado pela Fundação Bill & Melinda Gates e generosamente assistido por Gilla Kaplan. A continuação do desenvolvimento do projeto A-Patch é apoiado pelo Programa da União Europeia Horizonte 2020.