Segundo dados da Associação Portuguesa do Sono, a insónia é o distúrbio de sono mais frequente entre os portugueses. Aproximadamente 50% da população já apresentou um episódio de insónia aguda nalguma fase da sua vida, normalmente secundária e associada a algum fator de instabilidade e ansiedade. A insónia é definida como crónica quando os sintomas ocorrem pelo menos três vezes por semana durante um período de, pelo menos, três meses. A prevalência, neste caso, em Portugal, é de cerca de 25%.
O stress e a ansiedade provocados pelas diversas situações experimentadas pelos indivíduos são, então, os principais fatores para distúrbios ou perturbações no sono. Nos últimos meses, também a pandemia da COVID-19, dadas as preocupações que acarreta consigo, tem contribuído para uma deterioração da qualidade do sono dos portugueses.
Estes distúrbios podem manifestar-se por dificuldade em adormecer à hora habitual ou por acordar repetidamente durante a noite. Além disso, também o cansaço sentido pela manhã, por não ter dormido o suficiente, ou devido a pesadelos que perturbam o sono, são formas de insónia.
As causas que podem motivar a insónia são múltiplas. Muitas vezes é consequência de situações que afetam os indivíduos no dia-a-dia como cansaço físico, consumo de substâncias estimulantes, como cafeína, e preocupações pessoais, de trabalho ou profissionais. Além disso, podem ser desencadeadas também por doenças hormonais, digestivas, respiratórias, urológicas – como levantar-se várias vezes à noite para urinar -, psiquiátricas, como ansiedade, depressão e por outras associadas à dor, como fibromialgia, cefaleias, entre outras.
Sendo o sono fundamental para a recuperação física e intelectual, a sua insuficiência e pouca qualidade pode gerar perda de energia e vitalidade, afetando a saúde, o desempenho, a qualidade de vida em geral e potenciando o aparecimento de doenças.
Como alternativa aos tratamentos convencionais, sobretudo àqueles que podem causar dependência, existem algumas terapêuticas não convencionais, entre elas a homeopatia, que pode ajudar a aliviar as insónias e que atua globalmente em todo o organismo, sem provocar dependência, como:
- Nux vomica, quando a insónia se deve ao excesso de trabalho. O indivíduo trabalha durante a noite, não conseguindo desconectar-se no momento em que deve descansar;
- Coffea cruda, quando pensamentos ou ideias se acumulam na cabeça e ocorre um estado de obsessão. Indicado também para pessoas que trabalham por turnos noturnos e para quem consome café em excesso;
- Ignatia amara, recomendada para insónia que ocorre como resultado de um aborrecimento, perda ou luto. O indivíduo sente ansiedade, frequentemente acompanhada de sintomas como falta de ar ou um nó no estômago;
- Arsenicum album, um dos medicamentos mais utilizados e indicado quando preocupações ou medos causam despertares em sobressalto durante a noite. São insónias por ansiedade e, no dia seguinte, assiste-se a um estado de exaustão;
- Natrum muriaticum, em casos de insónia por pensamentos obsessivos relacionados à tristeza já vivenciada em acontecimentos do passado. O indivíduo não consegue adormecer ou acorda frequentemente;
- Argentum nitricum, no caso de um sono inquieto pela aproximação de situações consideradas importantes, mas que geram ansiedade ou medo, seja entrevistas de emprego, apresentações em público, exames ou reuniões;
- Pulsatilla, quando a insónia se deve a um jantar mais pesado ou tardio;
- Phosphorus, indicado para casos de sono agitado e leve;
- Gelsemium sempervirens, quando apesar do cansaço e da exaustão o indivíduo não consegue dormir devido a estados de ansiedade/apreensão.
Importa conhecer a origem dos transtornos para que seja possível oferecer o melhor tratamento, seja ele homeopático ou não, e estabelecer rotinas para promover uma noite descansada e um sono de qualidade. A prática regular de exercício físico, ter uma hora fixa para dormir, aprender a gerir o stress e evitar a toma de cafeína à tarde e à noite são bons hábitos que importa adotar mesmo antes de recorrer a qualquer terapêutica.
Autora: Cristina Casaseca-Aliste Mostaza, especialista em Medicina Geral e Familiar, Diploma de Terapêutica Homeopática e Professora do Centro de Educação e Desenvolvimento da Homeopatia CEDH