Número de pedidos de patente ao Instituto Europeu de Patentes (IEP), com origem em Portugal, em 2020, decresce 8,5% em relação a 2019, mas mesmo num ano de pandemia apresenta um valor superior aos anos de 2016, 2017 e 2018.
Portugal tem apresentado um crescimento significativo de pedidos de patentes apresentando um aumento de 23,1% em 2019 e 47,3% em 2018, indica o Índex de Patentes de 2020 publicado hoje, 16 de março de 2021.
Dados do IEP indicam que em 2020 as empresas, institutos de investigação e universidades portuguesas apresentaram 249 pedidos de patente, em 2019 foram apresentados 272, em 2018 tinham sido 221 e em 2017 tinham sido 150.
Da análise das áreas abrangidas pelos pedidos portugueses verifica-se que muitas das tecnológicas que impulsionaram a inovação no passado sofreram um decréscimo no número de pedidos de patente em 2020, incluindo as áreas da maquinaria especializada que teve um decréscimo de 25% face a 2019, a tecnologia informática com um decréscimo de 46,7% e, em particular, o mobiliário e jogos” com um decréscimo de 61.1%.
No entanto, os dados mostram que ter havido um forte investimento em inovação na área de cuidados de saúde: a área de tecnologia médica foi a que registou o maior número de pedidos de patente com origem em Portugal em 2020, com um crescimento de 31,8% em comparação com 2019; a área de farmacêutica, que ficou em segundo lugar no número de pedidos de patente, com um aumentou 44,4% e a área de biotecnologia alcançou o terceiro lugar com um crescimento de 21,4%.
Universidade do Minho lidera o ranking português
A Universidade do Minho foi quem registou o maior número de pedidos de patente entre os requerentes portugueses, com 20 pedidos de patente junto do IEP em 2020. Seguiram-se-lhe a A4TEC – Association for the Advancement of Tissue Engineering and Cell Based Technologies & Therapies com 14 pedidos de patente, o INESC Porto – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência com 12 pedidos de patente, a Saronikos Trading and Services com 7 pedidos de patente e a Universidade de Évora, igualmente com 7 pedidos.
Em contraste com a maioria dos países europeus, no top cinco de requerentes portugueses figuram quatro laboratórios de investigação e instituições académicas.
Região Norte responsável por mais de metade dos pedidos de patente
A região Norte lidera uma vez mais o ranking regional com uma quota de 56,2% do total de pedidos de patente portugueses, com uma subida face aos 46% verificados em 2019, seguida de Lisboa com um aumento de 16,1% face aos 21,7% de 2019 e da região Centro com 15,7%, uma descida face aos 16,5% de 2019.
“É com agrado que constato que apesar do decréscimo, o número de pedidos de patente com origem em Portugal se mantém relativamente elevado, mostrando que a inovação portuguesa é agora mais estável do que foi no passado,” afirmou o Presidente do IEP, António Campinos.
O responsável pelo IEP acrescentou: “O facto de haver várias universidades e institutos de investigação entre os principais requerentes é particularmente promissor. E apesar de não podermos prever com certeza a evolução dos pedidos de patente nos próximos meses ou anos, sabemos que a investigação e a ciência são o caminho para um mundo mais saudável e sustentável e que a inovação, apoiada por um sistema de patentes forte, é o motor da recuperação.”
Procura pela proteção de patentes junto do IEP mantém-se estável
Dados do Índex de Patentes de 2020 mostram que o número global de pedidos de patente junto do IEP manteve-se estável em 2020, tendo sofrido um decréscimo de 0,7% em relação a 2019, mas com alterações substanciais em termos de sectores tecnológicos e regiões.
No total, o IEP recebeu 180.250 pedidos de patente, um número ligeiramente abaixo do record alcançado em 2019 que foi de 181.532.
China e Coreia do Sul registam crescimento e a Europa um decréscimo
O maior crescimento teve origem nos pedidos de requerentes chineses como 9,9% e sul-coreanos com 9.2%. Em oposição, os requerentes com origem nos EUA, que correspondem a um quarto do total de pedidos junto do IEP, remeteram menos 4,1% de pedidos de patente em 2020. Os pedidos de patente com origem na Europa desceram 1,3% em relação a 2019 e os pedidos com origem no Japão decresceram 1,1%.
Entre os países europeus, o número de pedidos também divergiu de forma significativa: Enquanto os pedidos com origem na Alemanha, o maior requerente de patentes europeu, desceram 3,0% em 2020, os inventores franceses e italianos remeteram, respetivamente, mais 3,1% e 2,9% pedidos de patente. Registou-se um decréscimo nos pedidos de patente com origem nos Países Baixos com menos 8,2%, no Reino Unido com menos 6,8% e em Espanha com um decréscimo de 5%.
Inovações em cuidados de saúde aumentam e nos transportes diminuem
De entre as principais áreas técnicas, no geral e em todos os países, a farmacêutica cresceu 10,2% e a biotecnologia mais 6,3%, foram as que mais cresceram em termos de pedidos de patente. A tecnologia médica cresceu 2,6% e foi a área que registou o maior número de invenções em 2020, recuperando assim a liderança que em 2019 pertenceu à comunicação digital. A área de transportes foi a que registou a maior queda com menos 5,5%.