Periodicamente têm ocorrido surtos de coronavírus, mas nenhum foi tão devastador como o da atual pandemia de COVID-19. Vivek Govind Kumar e outros investigadores do laboratório de Mahmoud Moradi na Universidade de Arkansas, EUA, descobriram, uma razão provável, que torna o SARS-CoV-2 que causa a COVID-19, muito mais infecioso que o SARS- CoV-1, que causou o surto de SARS em 2003.
O primeiro passo na infeção por coronavírus é a entrada do vírus nas células. Para esta entrada, as proteínas “Spike”, na parte externa do vírus SARS-CoV, devem reposicionar-se. Os cientistas sabem a posição dos estados “inativos” e “ativos” das proteínas “Spike” dos vírus SARS-CoV-1 e SARS-CoV-2, mas os investigadores estudaram como as proteínas “Spike” se moviam de uma posição para outra e a dinâmica desses movimentos. E analisaram simulações moleculares, realizadas no Texas Advanced Computing Center e no Pittsburgh Supercomputing Center.
“Descobrimos nessas simulações que o SARS-CoV-1 e o SARS-CoV-2 têm maneiras completamente diferentes de mudar a sua forma e em diferentes escalas de tempo”, referiu Mahmoud Moradi. “O SARS-CoV-1 move-se mais rápido, entre ativa e desativa, o que não dá muito tempo para o vírus aderir à célula humana, porque não é tão estável. O SARS-CoV-2, por outro lado, é estável e assim pode atacar”, acrescentou o investigador.
Há uma região no final da cauda da proteína “Spike” que foi amplamente ignorada na investigação, indicou Mahmoud Moradi, mas essa parte é importante para a estabilidade da proteína. Mutações naquela região podem afetar a transmissibilidade, e por isso vale a pena prestar atenção. A outra implicação para a investigação é que “poderíamos desenhar terapêuticas que alterem a dinâmica e tornem o estado inativo mais estável, promovendo assim a desativação do SARS-CoV-2. Essa é uma estratégia que ainda não foi adotada”.
Para o investigador é importante fazer esse tipo de simulação, pois no caso de surgimento de um novo coronavírus ou de mutação no SARS-CoV-2, para que possam prever se o novo vírus ou variante pode ter maior transmissibilidade e infeção. Por isso começaram a estudar a nova variante SARS-CoV-2, B.1.1.7, em laboratório para detetar diferenças nos movimentos da proteína “Spike”.