No debate no Parlamento Europeu que antecipa a decisiva cimeira europeia de 10 e 11 de dezembro, a Presidente da Comissão Europeia apelou aos governos polaco e húngaro para deixem de bloquear os fundos de recuperação e desafiou-os a recorrerem ao Tribunal de Justiça da União Europeia se entenderem contestar as questões sobre a condicionalidade do Estado de direito com os Tratados.
Também o eurodeputado Carlos Zorrinho na sua intervenção durante o debate referiu: “Muito poucas vezes, na já longa história da parceria europeia, um Conselho Europeu foi tão determinante” e sublinhou o próximo Conselho será o último da Presidência Alemã e que constitui já uma “ponte para o lançamento” da Presidência Portuguesa.
Uma “ponte”, que tem no horizonte um “cenário da pandemia e de um Natal diferente. O futuro da União Europeia está em jogo e não permite hesitações”.
Carlos Zorrinho colocou em evidência várias interrogações da atualidade questionando, designadamente, se “podemos nós hesitar na concretização do financiamento solidário da recuperação, na matriz democrática da nossa parceria, na preservação de uma relação construtiva com o Reino Unido, na prioridade de uma parceria multilateral entre iguais com África, no reforço do eixo atlântico, que tem que ser o porta-aviões do nosso posicionamento global, nas agendas social, climática e digital que reconecte os cidadãos com o projeto europeu?”. Para de modo perentório concluir que “não, não podemos”.
Por isso, de acordo com o Eurodeputado Socialista, o próximo Conselho Europeu “não será apenas mais um Conselho” pois este “ficará na história, pelo sucesso, pelas meias-tintas ou pelo fracasso”. Esperançado e otimista, Carlos Zorrinho terminou afirmando “o mundo precisa que seja pelo sucesso”.
Todos os líderes dos grupos políticos instaram o Conselho Europeu a chegar a acordo sobre o orçamento europeu, para que os fundos possam aliviar a crise económica o mais cedo possível.
Os grupos dos eurodeputados Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e Identidade e Democracia (ID) consideraram que o veto dos governos húngaro e polaco é legítimo, e os outros eurodeputados apelam à resolução do impasse sem a cedência nos princípios do Estado de direito.
A líder dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu (S&D) afirmou: “Nada de acordos opacos de bastidores”, e na mesma linha o líder do Grupo do Partido Popular Europeu (PPE) referiu: “Levem a UE a tribunal, mas levantem o veto irresponsável”.