A Missão Espacial Ariel, agora aprovada pela Agência Espacial Europeia (ESA sigla do inglês), vai estudar em detalhe as atmosferas de exoplanetas. A Missão que acaba de passar da fase de estudo para a fase de implementação tem o lançamento previsto para 2029.
Investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) e da Universidade do Porto (UPorto) participam nesta Missão que é a primeira da ESA dedicada à medição da composição química e das propriedades térmicas da atmosfera de cerca de 1000 exoplanetas gasosos e rochosos, desde os extremamente quentes até aos temperados.
A missão vai observar trânsitos ou ocultações, e recorrendo a uma técnica chamada de espectroscopia, vai medir as “impressões digitais” dos gases que compõem as atmosferas exoplanetárias. Estes dados vão permitir estabelecer ligações entre composição química, formação e evolução dos planetas e o ambiente nos quais estes se formaram.
“A contribuição portuguesa nesta missão em termos de ciência é bastante forte e interessante”, referiu, citado em comunicado, Pedro Mota Machado, IA & Ciências ULisboa, representante nacional da missão Ariel.
Pedro Mota Machado acrescentou: “Estamos a liderar um dos objetivos de ciência da missão, que é a sinergia entre o estudo das atmosferas dos planetas do Sistema Solar e dos exoplanetas, e estamos envolvidos noutros objetivos como cálculos de suporte das velocidades radiais dos exoplanetas ou a ligação entre os exoplanetas e a sua estrela-mãe.”
Para Olivier Demangeon, IA & UPorto, também citado em comunicado, “a nível científico, esta missão anuncia uma revolução. Ao obter espectros da atmosfera de cerca de 1000 exoplanetas, a Ariel vai metamorfosear este campo, ao oferecer a possibilidade de olharmos para as atmosferas de exoplanetas como uma população em vez de algumas entidades isoladas”.
Manuel Abreu, IA & Ciências ULisboa, responsável pela componente portuguesa de instrumentação da missão, acrescentou: “A participação do grupo de instrumentação do IA na missão Ariel vem continuar uma das suas vertentes de especialização: o desenvolvimento de ferramentas óticas de alta precisão e de processos de metrologia ótica, que vão contribuir para os testes e calibração do telescópio Ariel, durante a sua integração nos vários laboratórios que constroem o instrumento”,
Para além da participação do IA, Portugal irá ainda contribuir para a componente industrial da missão, que está a ser financiada pelo programa Prodex. “A presença de Portugal na missão Ariel confirma que temos capacidade para estar presente em missões científicas que são fundamentais para a expansão do conhecimento do universo. Seja pela componente científica, através do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, seja na vertente industrial com a Active Space Technologies, o sector espacial português dá, mais uma vez, provas que está disponível para contribuir para a produção de conhecimento, para o desenvolvimento socioeconómico e a geração de riqueza”, sublinhou Marta Gonçalves, gestora de projeto da Agência Espacial Portuguesa, Portugal Space.
O representante nacional da missão Ariel acrescentou ainda que “é com um grande sorriso que recebo a notícia de que a missão espacial Ariel foi adotada pela Agência espacial Europeia. Esta missão representa o início de uma grande aventura para a Humanidade, vamos poder caracterizar as atmosferas de Outros Mundos, de exoplanetas que orbitam longínquas estrelas, entre outras coisas vamos aprender de que são compostas essas atmosferas.”
A missão Ariel, que terá uma duração inicial de quatro anos, está planeada para ser lançada em 2029, a bordo de um Ariane 6, o novo foguetão da ESA, a partir da Base Espacial Europeia em Kourou, na Guiana Francesa.
A missão Ariel é considerada pelos investigadores uma das peças chave na estratégia da equipa do IA, que inclui ainda, a longo prazo, uma relevante participação científica e tecnológica no telescópio espacial PLATO (ESA) e no espectrógrafo HIRES, para o ELT (ESO), o maior telescópio da próxima geração. Esta estratégia garante à equipa um papel de liderança a nível internacional na procura e estudo de outras Terras.