Os investigadores Carl Sheridan e Colin Willoughby, do Departamento do ‘Olho e Ciências da Visão’ do Instituto de Envelhecimento e Doença Crónica, da Universidade de Liverpool, recebem fundos da Sociedade de Glaucoma da Irlanda e do Reino Unido e da Associação Internacional de Glaucoma, para desenvolver uma terapia baseada em células estaminais.
O olho mantém uma pressão constante, a pressão intraocular. Esta pressão é mantida por um fluido (humor aquoso) que é produzido continuamente, ao mesmo tempo que uma quantidade igual é drenada para o exterior do olho através da malha trabecular.
O potencial terapêutico
Com o aumento da idade existe uma perda progressiva de células da malha trabecular da via de escoamento, uma situação que é ainda mais grave em pacientes com glaucoma.
O consequente aumento da pressão no olho, devido a má drenagem, leva a danos irreversíveis na retina causando cegueira. A substituição das células perdidas da malha trabecular pode constituir uma potencial terapia.
Os cientistas sabem que as células estaminais adultas têm o potencial para repovoar o percurso de escoamento, no entanto, o funcionamento biológico desse repovoamento é ainda mal compreendido.
Estado da arte
Dado que a investigação vai recair sobre informação genética, esta informação vai ser extraída a partir das células por sequenciação de alto rendimento. Estas tecnologias vão permitir examinar as alterações em todos os genes nas células (mais de 20.000 genes) numa operação.
Com os fundos proporcionados pela bolsa atribuída pela Sociedade e Associação de Glaucoma, os investigadores irão também realizar a sequenciação de células isoladas e de células individuais para entender quais os genes que estão ativos e como é que esses genes são controlados.
Novos tratamentos
Colin Willoughby referiu, citado em comunicado da Universidade de Liverpool, que “o objetivo da investigação é identificar e examinar a capacidade das células estaminais para repovoar a via de saída, tendo em vista o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento para o glaucoma”, e essas estratégias podem passar por “uma entrega direta de células estaminais de um doador ou a ativação de células estaminais nos próprios pacientes”.
Para o investigador há cada vez mais a certeza de “que as células estaminais de um doador podem ser aplicadas no percurso de escoamento e que melhoram a drenagem aquosa”. Assim, “neste estudo, vai fazer-se a aplicação controlada destas células nas vias de escoamento, o que irá permitir compreender os fatores envolvidos para alcançar o objetivo”.
As atuais “terapias de laser utilizadas para baixar a pressão intraocular, talvez pelo efeito indireto, despertam as células estaminais e melhoram o funcionamento do sistema de escoamento”, indicou o investigador, e acrescentou ainda que “uma segunda abordagem terapêutica será ativar especificamente estas células estaminais no olho do paciente como um tratamento para melhorar o fluxo de denagem”.
Em face ao conhecimento disponível, Colin Willoughby indicou: “Queremos dissecar os mecanismos moleculares que controlam as células estaminais na malha trabecular como um primeiro passo para traduzir estas abordagens para o espaço clínico”.