Investigadores da Fielding School of Public Health da University of California, Los Angeles (UCLA) encontraram pelo menos 10 mutações distintas em mais de 80% mutações das sequências novo coronavírus, SAR-CoV-2, que foram selecionadas aleatoriamente de seis países, Esses pontos importantes do genoma (hotspots) que podem ocorrer quando o vírus se replica durante a divisão celular podem ter um impacto significativo na luta contra a pandemia COVID-19.
“Esses hotspots podem selecionar variantes mais patogénicas”, referiu Christina Ramirez, da Fielding School of Public Health e coautora do estudo, e acrescentou: “Alternativamente, as mutações podem evoluir e revelarem-se menos patogénicas – o vírus, afinal, só sobrevive quando o hospedeiro sobrevive.”
A velocidade com que os novos mutantes do SARS-CoV-2 são selecionados e dispersos pelo mundo também pode representar problemas para o desenvolvimento de vacinas e terapêuticas, refere o estudo publicado na revista Virus Research, de que são coautores Christina Ramirez, Stefanie Weber e Walter Doerfler, estes dois do Instituto de Virologia Clínica e Molecular, Friedrich-Alexander University (FAU), Erlangen, Alemanha.
“Um dos principais problemas científicos enfrentados na pandemia de SARS-CoV-2 reside na compreensão limitada das interações entre os genomas do vírus e do humano do hospedeiro e os mecanismos de defesa do último contra esse patógeno”, referiu Walter Doerfler, médico e geneticista molecular.
Descobertas do estudo
Durante a disseminação mundial entre as populações humanas, pelo menos 10 mutações distintas em pontos críticos foram selecionadas e encontradas em mais de 80% das sequências selecionadas aleatoriamente em 6 países. A frequência crescente de pontos críticos de mutação SARS-CoV-2 pode selecionar patógenos virais perigosos. Alternativamente, pode haver um limite para o número de locais mutáveis e selecionáveis que, quando esgotados, podem ser desvantajosos para a sobrevivência do vírus.
A velocidade com que novos mutantes SARS-CoV-2 são selecionados e dispersos ao redor do mundo pode ter implicações para o desenvolvimento de vacinas e terapêuticas.
Base do estudo
A Síndrome Respiratória Aguda Grave pelo novo coronavirus (SARS-CoV-2) foi identificada pela primeira vez em Wuhan, China, no final de 2019. Passados mais de nove meses, em 3 de outubro de 2020, o vírus infetou mais de 34 milhões de pessoas em todo o mundo e causou em pelo menos um milhão de mortes em 220 países. Investigação sobre a genética do genoma SARS-CoV-2, e dos seus mutantes e da sua penetração podem auxiliar futuras estratégias de defesa.
Metodologia do estudo
Ao analisar os dados de sequência do coronavírus, entre dezembro de 2019 e o final de maio de 2020, os investigadores compararam as sequências de nucleotídeos de 570 genomas SARS-CoV-2 da China, Europa, Estados Unidos e Índia com a sequência do isolado em Wuhan, na China.
Impacto do estudo
Para os investigadores é importante correlacionar as mutações dos hotspots identificadas e o resultado de infeções individuais em humanos. Este exigente problema ainda não foi resolvido. Os resultados do estudo podem fornecer uma plataforma para os que investigam o SARS-CoV-2 e que cuidam de pacientes com COVID-19 (infeções por SARS-CoV-2).
O SARS-CoV-2 tem a capacidade de sofrer mutação e, durante a disseminação ao redor do mundo, selecionar mutações distintas de hotspots de sinal dependendo das altas taxas de replicação do genoma e condições ambientais e genéticas complexas em territórios recém-invadidos. Durante a jornada intercontinental, a exposição do SARS-CoV-2 ao repertório de recursos médicos do século 21 pode ter sido uma força seletiva adicional.