Sempre que levanto uma viatura Nissan recordo-me da minha infância e da marca Datsun, um dos automóveis do meu Pai que, fruto das restrições existentes na altura não era possível personalizar, nem sequer escolher a cor. Vem-me à memória os cheiros do seu interior e a sua fiabilidade que, muitos anos e muitos kms, depois foi vendido a um emigrante para ainda lhe fazer mais kms por essa Europa fora.
Também me recordo dos cuidados que na Serra da Estrela e na cidade da Covilhã tínhamos de ter com o chassis do automóvel por causa do sal na estrada (quando existia neve) e com a tração traseira do Datsun onde, em piso molhado e paralelepípedo e, sem ESP, a condução passava “pelas mãos e pés de fada” para poder circular na cidade; já para não falar da liberdade que tanto gostávamos os mais jovens de não ter cintos de segurança nos bancos de trás.
Hoje, com a absorção da marca pela Nissan e a evolução do mundo automóvel tudo mudou. Mas a essência da marca continua presente tanto na irreverência como na arte de construir automóveis.
ESTÉTICA – EXTERIOR E INTERIOR
O JUKE, mesmo este novo modelo, veio marcar uma rutura face ao estilo mais conservador da Nissan que, se galvanizou com o Qasqhai – que conseguiu criar todo um novo segmento. Mas o JUKE, apela à irreverência, à juventude, à evasão. E este crossover coupé é um bom exemplo.
As linhas esguias que nunca seguiram a corrente do mercado, fizeram-no ganhar um público bem definido que antes a marca não detinha. E, nesta novo modelo, mantém o mesmo ADN, incluindo os distintos faróis circulares, que incluem agora uma assinatura LED em forma de Y que complementa a grelha V-Motion característica da Nissan e que domina toda a frente, ladeada por uns esguios faróis de médios e máximos.
O JUKE também cresceu sendo agora mais espaçoso para os passageiros, principalmente nos lugares traseiros com o incremento de 5,8 cm e do espaço na traseira para a cabeça com mais 1,1 cm.
Com a pintura bi-color e o formato coupé (com as pegas das portas traseiras colocadas no pilar) e jantes de liga leve em cor escura (a condizer com o tejadilho preto), mais se acentua a dinâmica e beleza do modelo. A traseira é a parte menos original que é idêntica a todos os modelos Nissan.
No interior e, nesta versão em particular, a Nissan “parametrizou” o JUKE com parte do tablier em plásticos moles e o restante em alcântara, que se estende a parte dos bancos e à consola central. Sem dúvida um elemento estético que faz a diferença, num interior que foi desenhado para cativar. Pessoalmente gostei das saídas de ar que remetem a um nostalgismo (similares às do Alfa Romeo 33) mas também a uma eficácia que, como refere de novo o Vice presidente da marca – “não segue a corrente”. A consola central possui o botão de start, os três modos de condução (ECO, Standard e Sport) e o seletor da caixa automática de 7 velocidades e dupla embraiagem que explora na perfeição o tricilindrico de 1.0 com 117 Cv.
A outra curiosidade que a marca colocou neste modelo (mais 600€) foi a parceria com a Bose para incluir um sistema de som, onde algumas colunas estão a ladear os encostos de cabeça dianteiros, embutidos nuns bancos que oferecem boa sustentabilidade e conforto.
MATERIAIS, USER EXPERIENCE
Boa qualidade de materiais, mesmo para o segmento, com a inclusão de pele e alcântara nos bancos, na consola e no tablier. A usabilidade é boa em todos os domínios mas continuo a preferir uma concentração única de botões num único local, sendo o mais minimalista possível.
EM ESTRADA
No início do ensaio não fui ver a informação detalhada da Nissan, propositadamente, pois pretendia aferir das qualidades do modelo.
Ao ligar o motor ficou desde logo a sensação de ser um tricilindrico mas nunca um 1.0. Em estrada, e utilizando os vários modos de condução, o JUKE, reinventa-se, oferecendo uma disponibilidade e agilidade que não é demonstrativa do 1.0 com 117Cv, dado o modo competente como a caixa explora o potencial do motor.
Obviamente que no modo ECO a condução é muito suave, e no Standard já se nota uma maior vivacidade e disponibilidade, principalmente para ultrapassagens ou retomas de velocidade. O modo Sport explora muito bem todo o potencial.
No modo ECO notou-se um motor menos disponível mas é normal. Ainda para mais, quando olhamos para os valores. Trata-se de um 1.0 (é verdade!) com 117 cv e caixa automática de dupla embraiagem. E é aqui que está a chave deste modelo. O modo como a marca retira o melhor deste 1.0, com um escalonamento preciso da caixa de velocidades que não deixa “ver” que este motor só tem 117cv e com o peso de um automóvel atual – leia-se robusto com vários sistemas de segurança.
Outro dos pontos a destacar passa pelo sistema de condução ProPILOT², onde as várias tecnologias de assistência, ajudam a manter o JUKE na sua faixa de rodagem, guiando-nos na estrada , a acelerar e travar automaticamente em função do tráfego, com o sistema inteligente anticolisão com reconhecimento de peões e ciclistas. Sistemas que dão um extra de segurança em cidade e estrad
CONSUMOS, PREÇO E SEGURANÇA
O JUKE possui um preço que começa nos 19.900€ mas que nesta versão de topo com o nível de personalização N-Design se apresenta em valores próximos de 25.000€ com vários opcionais onde se destaca o sistema Bose que acresce mais 600€ ao preço final. Os consumos rondaram os 6,8l.