Numa operação conjunto envolvendo o Serviço de Proteção Ambiental da Guarda Civil Espanhola, a Guarda Nacional Republicana Portuguesa, a Guarda Real Marroquina e apoio da Europol foram presos 28 traficantes de aves exóticas num negócio ilegal que envolvia mais de um milhão de euros por ano.
As autoridades recuperadas 280 aves exóticas, avaliadas em mais de um milhão de euros, entre as quais araras, papagaios e cacatuas, espécies ameaçadas de extinção protegidas pela Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES).
As aves recuperadas eram destinadas a serem vendidas para países do norte da África, Marrocos em particular, onde a procura por estas aves é elevada.
A operação, com o nome de código ‘ORATIX’, ocorreu no início deste ano em fevereiro e março nas cidades espanholas de Málaga, Múrcia, Granada, Alicante, Astúrias e Espanha.
A investigação teve início em 2019 e permitiu descobriu como o grupo criminoso operava e vendia as espécies ameaçadas a compradores do norte da África com recurso a documentos falsos. Os criminosos providenciavam que os pássaros fossem levados para fora de Espanha, escondidos em veículos que seguiam para o continente africano.
A Europol revelou que os traficantes eram apoiados por um cidadão marroquino que trabalhava numa Agência de Viagens e que organizava a logística.
Os criminosos desenvolveram também os seus negócios ilegais online, através dos quais vendiam as aves, mas nunca os entregam, apesar dos compradores terem feito o pagamento.
Durante as buscas domiciliárias a polícia descobriu mais de 400 plantas de cannabis, indicando que o grupo de traficantes estava envolvido numa variedade de atividades criminosas.
A Europol apoiou a investigação desde o início, fornecendo análises operacionais e estratégicas e reunindo evidências para identificar a rota usada pelos contrabandistas. Um dos especialistas da Europol também foi destacado na Espanha para ajudar as autoridades policiais na verificação cruzada de informações nas bases de dados da Europol.
Um mercado negro de papagaios
A Europol considera que o contrabando de papagaios está a aumentar em todo o mundo. Algumas espécies podem atingir várias centenas de milhares de euros no mercado negro. A procura que impulsiona este comércio ilícito vem de colecionadores e criadores, mas também de cidadãos que querem as aves como animais de estimação. No entanto, este desejo de possuir estes pássaros exóticos está a matar os próprios pássaros.
Várias espécies de papagaios estão ameaçadas de extinção devido, em parte, às pressões da captura para o comércio de animais de estimação, mesmo havendo proteção legal em vigor. Todas, exceto duas espécies de papagaios, são protegidas pela CITES, pelo que o seu comércio comercial é proibido ou estritamente regulamentado e são exigidas licenças de exportação.
Com pessoal dedicado a trabalhar na criminalidade ambiental, a Europol apoia os Estados-Membros da União Europeia nas suas investigações para impedir que criminosos danifiquem os nossos ecossistemas sem reparação.