O Museu do Oriente enquanto prepara a reabertura e o encontro com o público faz um convite para uma viajem até à ilha de Timor-Leste. Uma viagem para desvendar a cultura, as lendas e tradições de um povo que fala português. O convite é extensivo a toda a família com contos para ouvir, fichas-jogo para pintar, um colar cheio de significado para construir e uma exposição para conhecer no conforto de casa.
Na tradição timorense, a Casa Sagrada – ou Lulik – une passado e presente, o mundo dos vivos e o dos antepassados. É um repositório de memória e sabedoria antigas, espaço privilegiado para receber e honrar os antepassados, cuja presença de faz sentir em cada objeto. Aqui acontecem as cerimónias rituais ligadas aos momentos que marcam a vida – do nascimento à morte – dos indivíduos e, por consequência, das suas linhagens. Apesar da diversidade regional, as casas sagradas estão presentes em todo o território de Timor Leste, desempenhando um papel de relevo na coesão da comunidade, no reforço dos elos intergeracionais e na relação com o divino.
Em “Uma Lulik – A Casa Sagrada Timorense”, o Museu do Oriente convida a desvendar os significados e simbologias de uma Lulik, numa ficha em duas partes, para ler e pintar.
Também de Timor-Leste são os cinco contos e lendas tradicionais narrados pelo grupo timorense de contadoras de histórias, Haktuir Ai-knanoik.
Em “A Filha do Sol e da Lua”, ouviremos como Fitun Kiik, filha do Sol e da Lua, se viu separada dos seus progenitores celestes para encontrar, na Terra, uma nova família.
“A Montanha de Matebian” leva-nos de volta ao tempo longínquo em que a Terra e a Lua estavam unidas por uma escada de bambu e os seus habitantes circulavam livremente. O Liurai (chefe) de Matebian e o Liurai da Lua tornaram-se compadres e daqui nasceu uma tradição de casamento que ainda hoje persiste em Timor-Leste. Foi também desta união de famílias que originou outro grande acontecimento… que só quem ouvir a história ficará a saber.
“O Galo Branco” conta como, há muito, muito tempo, um infeliz órfão foi ajudado por um galo branco. Em reconhecimento desta amizade, ainda hoje o galo branco é protegido e respeitado por várias comunidades da província de Baucau.
“O Cajadinho” fala-nos de uma família de três irmãos a tentar melhorar a sua sorte, numa história de enganos e encantos, onde não faltam objetos mágicos e uma bruxa velhaca.
Preso numa gaiola e privado do seu bem mais precioso, “O Pássaro da Liberdade” viria a ensinar uma lição ao seu rico amo sobre coisas que não têm preço e pelas quais nunca se deve parar de lutar.
São filmes que fazem parte da 2.ª edição de Histórias para Sonhar, um programa da Delegação da Fundação Oriente em Timor-Leste para a produção de conteúdos audiovisuais lúdico-didáticos em língua portuguesa para exibição na televisão em Timor-Leste. O programa foi apoiado pelo Instituto Camões e Embaixada de Portugal em Timor-Leste.
Para ouvir em família, “Timor, a ilha do crocodilo” apresenta a origem lendária da ilha de Timor, numa história contada por Susana Mendonça, monitora do Serviço Educativo do Museu do Oriente. Um menino aventureiro e um crocodilo idoso cruzam os mares em busca do local onde o sol nasce. Para celebrar a sua amizade, convida-se a construir um disco dourado muito especial. Conhecido em Timor como Belak, este disco simboliza o Sol. Feito de ouro, prata ou cobre, o disco é usado suspenso ao pescoço, num colar, sendo um dos objectos mais preciosos de uma linhagem ou família. Com cartão pintado ou revestido a papel de alumínio, papel celofane, purpurinas ou pintado de amarelo vibrante, desafia-se à criação de um Belak em família, para representar a fascinante ilha onde o sol nasce e onde o crocodilo é, ainda hoje, venerado como um antepassado.
As tradições culturais de Timor, que o Museu do Oriente mostra em permanência na exposição “Presença Portuguesa na Ásia”, versam o culto dos antepassados e as representações do sagrado. Duas das peças mais emblemáticas do núcleo dedicado a Timor, a Estátua Equestre Funerária e as Facas de Cordão Umbilical podem ser conhecidas em detalhe, sem sair do conforto de casa, em versão podcast: