Uma equipa de investigadores, do Baylor College of Medicine, da Universidade da Carolina do Sul, e de outras instituições, identificaram o tabagismo como um fator potencial de risco para a infeção pelo vírus da COVID-19.
Os investigadores analisaram conjuntos de dados do RNA expressos por vários tipos de tecido pulmonar, e compararam os dados de fumadores atuais e ex-fumadores e não fumadores. Analisaram a expressão da ACE2, a molécula no trato respiratório que o coronavírus usa para conectar-se e infetar células humanas. Os investigadores também analisaram a expressão de FURIN e TMPRSS2, enzimas humanas conhecidas por facilitarem a infeção pelo coronavírus.
Os investigadores descrevem em artigo publicado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine um aumento de 25% na expressão da ACE2 nos tecidos pulmonares de fumadores persistentes, pessoas que fumaram pelo menos 100 cigarros durante a vida, quando comparadas com não fumadores.
O artigo também refere que o tabagismo também aumentou a presença de FURIN, mas em menor grau em comparação com a ACE2, no entanto a expressão de TMRPSS2 nos pulmões não foi associada ao tabagismo. Também descobriram que o tabagismo remodelou a expressão génica das células nos pulmões, de modo que o gene ACE2 é muito mais expresso nas células caliciformes, células que segregam muco para proteger as membranas mucosas dos pulmões.
O efeito significativo do tabagismo na expressão pulmonar da ACE2 identificado no estudo indica, não apenas um aumento nos pontos de entrada do vírus COVID-19, mas também pode sugerir um risco aumentado de ligação viral e entrada do vírus nos pulmões dos fumadores. Estas descobertas fornecem informações valiosas para identificar populações potencialmente suscetíveis.
O investigador Christopher I. Amos, diretor do Instituto de Pesquisa Clínica e Translacional de Baylor referiu: “Nós levantamos a hipótese de que os piores resultados das infeções por COVID-19 em regiões do mundo com altos níveis de tabagismo possam refletir fatores do hospedeiro”, e que “estudos de pacientes com COVID-19 vai ajudar a resolver a influência do tabagismo nos resultados da COVID-19”.