Melhores tratamentos médicos para a COVID-19

Equipa de cientistas concluiu que melhores os recursos para combater a COVID-19 são as vacinas, em segundo os antivirais como β-D-N4-hidroxicitidina e remdesivir e em terceiro o plasma sanguíneo convalescente. Até haver vacinas o melhor tratamento é a terapia genética.

Melhores tratamentos médicos para a COVID-19
Melhores tratamentos médicos para a COVID-19

Num esforço sem precedentes, centenas de milhares de investigadores e médicos em todo o mundo estão a realizar uma corrida contra o tempo para desenvolver tratamentos, vacinas e melhores testes de diagnóstico para a COVID-19, a doença causada pelo novo coronavírus, SARS-CoV-2.

No ClinicalTrials.gov verifica-se que estão em curso mais de 460 ensaios clínicos para a COVID-19, embora a maioria ainda esteja nos estágios iniciais. Dada a diversidade de abordagens experimentais entre esses estudos, para os cientistas uma revisão sistemática de possíveis estratégias clínicas parece ser oportuna.

Especialistas da Universidade da Carolina do Norte (UCN) em Chapel Hill analisaram possíveis estratégias contra os coronavírus perigosos, não apenas o SARS-CoV-2 e seus parentes, como o SARS-Cov (causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave, SARS) e o MERS-Cov (causador da Síndrome Respiratória no Oriente Médio, MERS), mas também estirpes ainda desconhecidas que inevitavelmente irão surgir no futuro.

Para os cientistas as abordagens mais promissoras para o progresso rápido são antivirais selecionados, como o remdesivir e terapia genética.

“Os coronavírus representam uma verdadeira ameaça à saúde humana e à economia global. Primeiro devemos considerar novas contramedidas para controlar o vírus pandémico SARS-Cov-2 e, em seguida, a vasta gama de vírus zoonóticos de alta ameaça que estão preparados para a emergência humana no futuro”, afirmou Ralph Baric, William R. Kenan, Jr. do Departamento de Epidemiologia e do Departamento de Microbiologia e Imunologia da UNC.

Os cientistas, e autores do estudo publicado em “Frontiers in Microbiology”, discutem uma por uma as possíveis estratégias contra o coronavírus.

Primeiro lugar os cientistas consideram que as vacinas são as mais eficazes no combate ao novo coronavírus, e assim, na luta contra a COVID-19.

Nos tratamentos “é provável que os mais bem-sucedidos se situem no domínio da ligação ao recetor (da proteína S do vírus), que permite que o vírus se ligue e se funda com as células hospedeiras (do corpo humano). Além das tradicionais vacinas vivas atenuadas, inativadas e baseadas em subunidades, tipos modernos como as de DNA / RNA e as de origem de nanopartículas ou vetores virais devem ser consideradas”.

Como a sequência de aminoácidos da proteína S é muito diferente entre os coronavírus (por exemplo, 76-78% de semelhança entre SARS-Cov e SARS-Cov-2), as vacinas contra uma estirpe normalmente não funcionam contra outra, indicam os cientistas.

É esclarecido que “como o desenvolvimento e o teste de novas vacinas levam de um a vários anos, são essenciais outras abordagens nesse meio tempo”.

Em segundo lugar o recurso mais provável para tratar a COVID-19 é o dos antivirais de amplo espectro que imitam as bases no genoma do RNA do vírus e são incorporados por engano nas cadeias de RNA nascentes, impedindo o processo de cópia.

Mas como os coronavírus têm uma enzima chamada “revisão” que pode eliminar essas incompatibilidades, a maioria dos análogos de nucleosídeos não funciona bem. As exceções parecem ser a β-D-N4-hidroxicitidina e o remdesivir, propostas pelos autores como bons candidatos contra o SARS-Cov-2.

Em terceiro lugar o plasma sanguíneo convalescente de pacientes que recuperaram, com baixos níveis de uma variedade de anticorpos contra o vírus; ou preferencialmente (mas de desenvolvimento mais lento), anticorpos monoclonais, isolados e produzidos em massa por biotecnologia. Esta “imunização passiva” pode dar imunidade a curto prazo.

Os cientistas também abordaram uma gama de opções de inibidores de fusão, inibidores de proteases humanas, moduladores imunológicos, como hormônios corticosteróides e outros.

Os cientistas concluíram que a alternativa mais atraente, até a produção da vacina, é a terapia genética administrada pelo vírus adeno-associado (AAV). Isso implicaria a entrega rápida e direcionada de anticorpos, imunoadesinas, peptídeos antivirais e imunomoduladores nas vias aéreas superiores, para fornecer proteção a curto prazo. Devido ao rápido regresso das células às vias aéreas, os riscos de toxicidade são mínimos. E estimam que estas ferramentas possam ser desenvolvidas, adaptadas e testadas dentro de um mês.

“A imunização passiva baseada em AAV pode ser usada como uma alternativa rápida. É direta e contém apenas dois componentes, o vetor viral e o anticorpo. Vários vetores de AAV já provaram ser seguros e eficazes para uso humano”, referiu Long Ping Victor Tse, cientista autor do estudo.

“Em teoria, uma dose única pode gerar uma resposta protetora dentro de uma semana e durar mais de um ano. O preço atualmente é alto mas pode ser reduzido no tratamento de doenças infeciosas, que tem um mercado maior. Pode ser já ou não tarde demais usar o AAV para tratar o SARS-CoV-2, mas certamente não é tarde demais para futuros surtos”.