Durante a cerimónia de mais uma entrega do Prémio António Champalimaud de Visão, que chega este ano à décima edição, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou a título póstumo, António Champalimaud, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, tendo sido a filha Maria Luísa Champalimaud a receber a condecoração.
O Presidente no seu discurso lembrou que a Fundação Champalimaud é uma obra dedicada à ciência e ao tratamento de doenças como o cancro, doenças do cérebro e da visão, e tem contribuído de forma decisiva para a introdução em Portugal da designada medicina translacional. A Fundação atribui todos os anos um prémio no valor de 1 milhão de euros para apoio à ciência e ação no terreno no auxílio aos que sofrem de doenças da visão, mas que só existe “porque um homem a sonhou e a decidiu instituir”, referiu o Presidente.
“Um homem que, como todas as personalidades fora do comum, suscitou admiração e acrimónias na sua vida empresarial, como nas suas posições cívicas. Incensado por uns e hostilizado por outros, amiúde fazendo alarde de como lhe era indiferente esse entrechocar de opiniões e de sentimentos”, refere Marcelo Rebelo de Sousa.
Mas agora, indica o Presidente, o que importa é que num certo momento deu “um passo de inequívoco relevo filantrópico nacional e internacional. Esse passo que mais nenhum outro português deu, neste tempo, na área fundacional, com tão vasto alcance patrimonial e social”, o que define que “o talento de cada qual nunca é dissociável do contributo decisivo de outrem e de sentido legítimo de gratidão”.
Para o Presidente “a democracia portuguesa nunca reconheceu devidamente a envergadura da decisão fundadora” de António Champalimaud. “Quis o destino que coubesse a quem umas vezes louvou e algumas outras divergiu e criticou como cidadão, o empresário e cidadão António Champalimaud, o assumir a responsabilidade nacional de realçar e galardoar um benfeitor social António Champalimaud, condecorando-o a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito”.
O Presidente da República terminou referindo que se trata de “uma homenagem justa que a serena distância histórica a converte em inadiável. As forças das democracias reside em não terem complexos nem temores sempre que se trata de se fazer justiça, neste caso, fazer justiça em nome de Portugal”.