A Comissão Europeia (CE) aprovou o ‘Pão de ló de Ovar’ no registo das Indicações Geográficas Protegidas (IGP).
O ‘Pão de Ló de Ovar’, agora com IGP é um bolo “de massa leve, cremosa, fofa e de cor amarela designada por ‘ló’ com uma fina côdea acastanhada dourada levemente húmida, e o interior de textura húmida designado como ‘pito’, apresentando características físicas, químicas e sensoriais”, lê-se no Jornal Oficial da União Europeia.
Os registos históricos indicam que o ‘Pão de ló’ é confecionado no concelho de Ovar desde os finais do século XVIII, um produto de pastelaria à base de ovos, sobretudo gemas, açúcar e farinha.
Apresenta-se num formato com 100 a 125 gramas designado por miniatura ou infantes e no formato normal com um peso que pode ir entre 485 gramas a 1,5 quilogramas.
Com uma textura macia que se desfaz na boca, e que dá uma perceção cremosa da parte líquida, um aroma ligeiramente a ovo, com algum caramelo, e um sabor doce a ovo, torna o Pão de ló um produto singular.
A confeção é determinante para a qualidade desta ‘broa’, que obedece a uma apertada e rigorosa arte tradicional, que deve ser cumprida pelos pasteleiros e produtos usados.
A massa constituída pela mistura de ovos, açúcar e sal (opcional) é batida durante 20 minutos, no máximo, até ficar esbranquiçada. A seguir é adicionada farinha peneirada, misturando a massa para a homogeneizar lentamente.
Uma caçoila de barro é forrada com papel almaço (100 a 120 g/m2), formando 8 dobras em formato de 4 machos ou dobras uniformes. Os machos ficam equidistantes para serem recortados em forma de ziguezague.
Uma dose de massa é colocada na caçoila já forrada, e é nesta operação que reside muito do saber e da perícia do pasteleiro, dado que a quantidade de massa e o modo de a colocar é determinante para o processo de cozedura, pois durante a cozedura a massa não pode transbordar o papel que forra a caçoila.
A cozedura é atualmente feita em forno elétrico entre 140 °C e 200 °C, e durante 50 minutos a duas horas. O tempo depende do peso da massa colocada em cada caçoila, um cálculo que exige um equilíbrio entre o tempo de cozedura e a textura da massa, e que o pasteleiro mesmo experimentado continua a vigiar.
De acordo com os registos históricos que datam de 1781, o Pão de ló estava associado às cerimónias da Semana Santa, que constituem uma tradição histórica enraizada no viver das gentes de Ovar.
Já no séc. XIX são várias as famílias de Ovar que se dedicam à confeção de doces regionais, entre os quais o afamado Pão de ló de Ovar. E a vila ganhou estatuto e reconhecimento devido à qualidade da sua doçaria tradicional.
A partir de 1917 a produção do ‘Pão de ló de Ovar’ passou para uma maior escala, e ocorreu uma maior divulgação. Mas foi a partir dos espetáculos montados pelo Orfeão de Ovar, que tiveram lugar em 1949, 1950 e 1972, que se deu a maior divulgação.
Hoje o ‘Pão de ló de Ovar’ é conhecido em todo o país e comercializado em muitas lojas fora do concelho.