Museu do Oriente: Os 20 anos da Administração de Macau pela China

Fundação Oriente assinala 20 anos da transferência da administração de Macau para a China, no Museu do Oriente, em Lisboa, a partir de 5 de novembro. Literatura, cinema, espetáculos musicais, conferências e mesas-redondas, fazem parte do programa.

Museu do Oriente: Os 20 anos da administração de Macau pela China
Museu do Oriente: Os 20 anos da administração de Macau pela China. Foto: DR

No Museu do Oriente vai decorrer um conjunto de iniciativas da Fundação Oriente para assinalar 20º aniversário da transferência da administração de Macau para a China. Uma jornada literária, sessões de cinema, espetáculos musicais, conferências e mesas-redondas com personalidades que dão a conhecer a sua vivência, experiência e conhecimento do território de Macau, fazem parte do programa comemorativo, que decorre de 5 de novembro a 19 de dezembro.

No dia 5 de novembro, “Literaturas de Macau pós-1999” marca o arranque das celebrações com uma jornada literária que reúne escritores e críticos numa análise e leituras evocativas dos imaginários de Macau e seus autores de línguas portuguesa, inglesa e chinesa.

No dia 29 de novembro, com a participação de personalidades de áreas tão distintas como a História, a Economia, as Artes Plásticas e o Jornalismo, a conferência “Macau 2019 – 20 Anos Depois da Transferência de Poderes” partilha testemunhos diretos deste momento histórico, sendo procedida da exibição da longa-metragem do realizador Carlos Fraga, “Macau 20 Anos Depois – Testemunhos e Percepções da Matriz Lusófona sobre o Contexto da RAEM – Presente e Futuro”.

No dia 6 de dezembro, inicia-se com a mesa-redonda “Identidade Macaense: Que Futuro?”, para discutir reflexões e pontos de vista da comunidade macaense sobre o seu futuro.

O dia 8 de dezembro é dedicado ao cinema, com a exibição de O Som do Bambu, de Javier Martinez (legendado em português e mandarim) e Cidade Ecrã, de Rui Filipe Torres (legendado em inglês). Ambas as sessões são de entrada gratuita, mediante levantamento de bilhete no próprio dia.

A 13 de dezembro a música macaense sobe ao palco do Auditório do Museu do Oriente, com o espetáculo “Macau/RAEM 20 Anos/20 Poemas/20 Canções”, do Duo A Outra Banda e Amigos, em celebração dos afetos e das memórias que unem portugueses e macaenses em torno da terra que continuam a adotar como sua e da singularidade que esta oferece a quem nela vive ou a visita.

A 19 de dezembro, é a vez do Trio Sunny Side Up dar voz a “Tributo a Macau 2”.

Macau é uma das regiões administrativas especiais da República Popular da China, desde 20 de Dezembro de 1999. A Fundação Oriente, através da sua delegação em Macau, contribui para o ensino da língua portuguesa e o intercâmbio cultural, social e educativo. O centro das suas atividades é a Casa Garden, um dos mais notáveis exemplares do património arquitetónico macaense de raiz europeia, que dispõe de uma galeria de exposições temporárias e um auditório destinado a conferências e espetáculos culturais de música, cinema e teatro.

Programa Macau 20 Anos
Programa gratuito no Museu do Oriente
5 de novembro a 19 de dezembro
Jornada Literária

LITERATURAS DE MACAU PÓS-1999
5 de novembro, terça-feira
Horário: 14h30-19h00
Entrada gratuita, sujeita a inscrição

Organização: Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Ana Paula Laborinho, Ariadne Nunes, Duarte D. Braga, Fernanda Gil Costa, Marta Pacheco Pinto) e Fundação Oriente

As intervenções serão entrecortadas com a leitura de poemas e fragmentos de prosa representativos das diversas literaturas de Macau (em línguas portuguesa, inglesa e chinesa). O evento conta, para isso, com o apoio do Instituto Confúcio.

Programa
14h30-14h40 | Abertura
14h40-16h30 | Macau: visões que nos habitam
Moderadora/oradora: ANA PAULA LABORINHO
CARLOS MORAIS JOSÉ, “Macau depois de 1999”
FERNANDA DIAS, “Recontar Ling Ling. Memória descritiva de cartazes perdidos”
16h30-17h00 | Coffee break

17h00-18h40 | Macau: entre crítica e criação

Moderadora/oradora: FERNANDA GIL COSTA

GUSTAVO INFANTE, “Literatura de Macau de expressão portuguesa: localizar, mapear e escrever”

JORGE ARRIMAR, “O primeiro encontro de poetas de Macau. Ecos e silêncios”

ROSA VIEIRA DE ALMEIDA, “Literatura do período de transição e o espectro da ‘extinção’ como marca do nativo”

18h50-19h00 | Encerramento

Ana Paula Laborinho

Mestre em Literatura Francesa e Doutorada em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Ana Paula Laborinho leciona nesta instituição e é membro do Centro de Estudos Comparatistas, onde fundou uma linha de investigação sobre Orientalismo Português. Em 1988, foi requisitada pelo Governo de Macau para exercer funções no Instituto Cultural de Macau, onde coordenou os Leitorados de Português na Ásia, dirigiu o Departamento de Formação e Investigação e instalou os Serviços Culturais das Embaixadas de Portugal em Nova Deli, Banguecoque, Pequim, Seul e Tóquio. Foi docente da Universidade de Macau entre 1990 e 1992. Em 1996, foi nomeada presidente do Instituto Português do Oriente (IPOR), sediado em Macau. Acompanhou o período de transferência da administração de Macau de Portugal para a República Popular da China. Entre 2010 e 2017 foi presidente do Instituto Camões e é, desde novembro de 2017, diretora em Portugal da OEI, Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, Ciência e Cultura. Foi já agraciada com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, no Grau Ouro, pelo Governo da República Portuguesa (2015). É oficial da Ordem das Palmas Académicas da República Francesa (2012). Recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Território de Macau (1999). Em 2010, coeditou Macau nas Escritas, Escritas de Macau.

Carlos Morais José

Licenciado em Antropologia, Carlos Morais José vive em Macau desde 1990. Trabalha em jornalismo, publicidade e edições. É, atualmente, diretor do jornal Hoje Macau e responsável por uma editora. Tem inúmeras obras publicadas, e em diferentes géneros, entre as quais: Porto Interior (1992); A Coluna da Saudade (1994); Caze – Um Caso de Ópio (banda desenhada, 1997); Macau – o Livro dos Nomes (2010); Visitações (2013). O Arquivo das Confissões, primeiro romance e décimo título da sua bibliografia, foi publicado em Macau em 2016 e foi já traduzido para inglês.

Fernanda das Mercês Dias (nome oficializado no BIR)

Residente de Macau desde 1986. Publicou poesia, ficção e tradução em co-autoria com a investigadora doutora Lee Shuk Yee. Manteve paralelamente atividade como artista plástica. Em março de 2017 defendeu uma tese de mestrado em Comunicação, Cultura e Artes, especialização em Estudos Culturais, na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve. O seu mais recente livro, O Mapa Esquivo (poemas), editado pela Livros do Oriente em 2016, inspira-se na cidade de Macau.

Fernanda Gil Costa

Professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), Fernanda Gil Costa doutorou-se em Literatura Alemã em 1987. Entre 1999 e 2001 foi diretora da FLUL e de 2003 a 2005 presidiu ao seu conselho científico. Entre 2012 e 2016 foi diretora do Departamento de Português da Universidade de Macau (UM). É membro do Centro de Estudos Comparatistas da FLUL e acaba de publicar o livro Recuperar Macau – A sobrevida das letras em português na cidade chinesa de Macau.

Gustavo Infante

Gustavo Infante é teaching fellow na Universidade de Bristol. Doutorado em Literatura Comparada pela mesma universidade, com uma tese sobre os vários papéis do espaço rural em Miguel Torga e Han Shaogong, tem desenvolvido pesquisa na área das literaturas de Macau, bem como no âmbito de literatura e ditadura. Além disso, é membro do grupo de investigação Res Sinicae, do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Jorge Arrimar

Jorge [Manuel de Abreu] Arrimar nasceu em Angola e foi viver para Macau em 1985. Aqui organizou a biblioteca do Complexo Escolar de Macau (1986) e, em 1986/87, assumiu as funções de diretor da Biblioteca Nacional de Macau, cargo que manteve até 1998. É autor de vários trabalhos na área da História e das Bibliotecas, nomeadamente A Biblioteca Central de Macau (ICM, 1992), Influência e Poder do Ouvidor Arriaga (ICM, 2014), António José da Costa: uma voz dissonante (ICM, 2014). Publicou, entre outros, os seguintes livros de poesia: Fonte do Lilau (Livros do Oriente, 1990), Secretos Sinais (ICM, 1992), Confluências (IOM, 1997, com Yao Jingming); Antologia de Poetas de Macau (ICM, 1999, coord. com Yao Jingming), Rotas Circulares (Gradiva, 2017). A sua obra consta das antologias seguintes: De Longe a China (1996), Antologia de Poetas de Macau (1998), I Roll the Dice – Contemporary Macao Poetry (2008), Poetas da Ásia Portuguesa (2013). Foi membro da comissão organizadora do I Encontro de Poetas de Macau (dez. 1994) e participou no Ciclo de Poetas de Macau, da responsabilidade da Delegação Económica e Comercial de Macau, em Lisboa (2007). Foi agraciado pelo Governador de Macau com a Medalha de Mérito Cultural (1997).

Rosa Vieira de Almeida

Rosa Vieira de Almeida é lecturer em Estudos Internacionais na Universidade de Leiden. Doutorou-se em Literatura Chinesa pela Universidade de Yale (2018) com uma tese sobre a literatura de Macau no período de transição. Interessa-se sobretudo por questões ligadas à diáspora, (pós)colonialismo e marginalidade literária. O seu mais recente trabalho, sobre o conceito de “insignificância” na poesia de Yiling, vai ser publicado pela Routledge no volume Imagined China (2020, coord. de Carlos Rojas e Mei-hwa Sung).

Conferência
MACAU 2019 – 20 ANOS DEPOIS DA TRANSFERÊNCIA DE PODERES
29 de novembro, sexta-feira
Horário: 10h00-13h00
Entrada gratuita, sujeita a inscrição
Coordenador: Jorge Santos Alves

Intervenientes: João Amorim, Carlos Gaspar, Leonídio Ferreira, Rui Simões, Hélder Beja, Anabela Antunes e Pedro Reigadas [Galeria Arte Periférica]

Projeção da longa-metragem de Carlos Fraga

MACAU 20 ANOS DEPOIS
Testemunhos e perceções da matriz lusófona sobre o contexto da RAEM-Presente e futuro
29 de novembro, sexta-feira

Auditório
Horário: 18h00
Duração: 94′, sem intervalo
Entrada gratuita, mediante levantamento do bilhete no próprio dia

Mesa redonda
IDENTIDADE MACAENSE: QUE FUTURO?
6 de dezembro, sexta-feira
Horário: 18h00-19h30
Apoio: LivreMeio
Entrada gratuita, sujeita a inscrição
Coordenação: Carlos Piteira, Instituto do Oriente ( ISCSP)
Moderação Maria Valente, responsável da comunicação da LivreMeio
Intervenientes

. Mário Santos, Presidente da Fundação Casa de Macau
. Manuel Rodrigues, macaense e estudioso da gastronomia macaense
. Joaquim Ng Pereira, macaense e estudioso do crioulo macaense
. Celina de Oliveira, historiadora e investigadora
. Marisa Gaspar, antropóloga e investigadora
. Vitor Serra de Almeida, Casa de Macau de Portugal

Sessões de Cinema
O SOM DO BAMBU + CIDADE ECRÃ
8 de Dezembro, domingo
Auditório
Horário: 17.00
Duração: 47′ + 40′, com intervalo
Entrada gratuita, mediante levantamento prévio de bilhete no próprio dia

O SOM DO BAMBU [2018]
de Javier Martinez

O bambu tem sido durante muito tempo o símbolo do carácter chinês. O bambu é flexível, curva-se com o vento mas nunca se quebra e as suas raízes são extremadamente fortes. A milenária cultura chinesa é, como as raízes do bambu, a base para que a diáspora chinesa mantenha a essência da sua identidade. Mesmo a milhares de quilómetros do seu lugar de origem o povo chinês consegue resistir ao vento sem quebrar-se.

Realização: Javier Martínez
Produção: Casinfância
Montagem: João Dias
Direcção de fotografia e operação de câmara principal: Mário Castanheira
Captação de som: Quintino Bastos
CIDADE ECRÃ / filme ensaio
de Rui Filipe Torres

Cinema e Identidade no tempo da cidade ecrã. É o cinema importante na construção da cidade criativa e nas relações de Portugal com Macau? Rodado em Macau, em Janeiro e Fevereiro de 2018, com o apoio da Fundação Oriente através da atribuição de uma bolsa de curta duração.
Argumento, Realização, Fotografia, Montagem, Produção: Rui Filipe Torres
Com: Carlos Morais José, João Sales Marques, Rui Leão, José Drumond, João Laurentino Neves, Rui Filipe Torres
Espectáculo com Duo A Outra Banda e Amigos

MACAU/RAEM 20 ANOS/20 POEMAS/20 CANÇÕES
13 de dezembro, sexta-feira
Auditório
Horário: 18h00
Duração: 90′, sem intervalo
Entrada gratuita, mediante levantamento de bilhete no próprio dia

Programa – Temas e Poemas a celebrar
As memórias do Quotidiano
Mahjong | Mª Rosário Almeida/ João Azeredo [música]
Jardins calígrafos | Fernanda Dias/ João Gomes [música]
Macau 22 horas | Estima de Oliveira/ João Azeredo [música]
Tai-kek | Estima de Oliveira/ Carlos Piteira [música]
Chinesinha de Cantão | Josué da Silva/ Nuno Ramos [música]
O Homem do Riquexó | J. Silveira Machado/Jaime Mota [música]
Bebendo a noite em Macau | João Azeredo/ Carlos Piteira [música]
As Festividades

Barcos Dragão | Jorge Arrimar/ Carlos Piteira [música]
Festa da Lua | Jorge Arrimar/ J. Azeredo [música]
O Bonzo, o macaco e o porco | Leonel Alves/ Jaime Mota [música]
Cemitério chinês da Taipa | A. Couto Viana/ João Gomes [música]

As Saudades da terra
Viola Chinesa | Camilo Pessanha/Nuno Ramos [música]
Tancareira | Leonel Alves/ Carlos Piteira [música]

Ponte 1/Nobre de Carvalho | João Azeredo/ João Azeredo [música]
Hac-Sá (Praia) | António Menano/ Jaime Mota [música]
Casas de ópio | Mº Anna Tagmanini/ Nuno Ramos [música]
Saudades | Jorge Arrimar/ Tomás Deus [música]

O Patuá macaense
Lenga lenga | J. Santos Ferreira (adé)/ J. Mota/C. Piteira [música]
Macauantigo/Macau modernado | J. Santos Ferreira (adé)/ João Azeredo [música]
Bastiana | Tradicional
Ficha técnica e artística:
Duo A Outra Banda (Carlos Piteira e Jaime Mota) | Jorge Arrimar e Isabel Braga | Nuno Silveira Ramos | Leonor Arrimar | Rita Freitas, Xana Piteira, Andreia Rodrigues e David Rodrigues

Produção Áudio Visual – Imagens e projecção sincronizada: José Piteira
Colaboração: Produtora LivreMeio
Apoios: Instituto do Oriente e Editora Tradisom

Concerto por Trio Sunny Side Up
TRIBUTO A MACAU 2
19 de dezembro, quinta-feira
Auditório
Horário: 21h00
Duração 90’, sem intervalo
Entrada gratuita, mediante levantamento do bilhete no próprio dia
Trio Sunny Side Up
Felipe Fontenelle (voz e baixo), Tomás Ramos de Deus (voz e guitarra acústica) e Miguel Andrade (guitarra e coros)