Maria Adélia Silva Melo, reconhecida resistente antifascista, foi enquanto tradutora que melhor acompanhou o evoluir do pensamento contemporâneo sobre o papel do teatro e da literatura enquanto elementos referenciais, nomeadamente na reconstrução da relação entre a dramaturgia contemporânea e os públicos, nas primeiras décadas de democracia, lembrou a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, que lamentou a morte desta portuguesa.
A tradutora e ensaísta viu reconhecido todo o trabalho ao longo da vida, através da publicação por diversas editoras, das suas traduções, e como refere Graça Fonseca, já “a lista de autores a quem lhe devemos voz em português é reveladora da extensão e da coerência do seu olhar atento, cuidado e comprometido com os valores de defesa do indivíduo e da sociedade”.
De entre as várias traduções de Maria Adélia Silva Melo encontram-se as de Elfriede Jelinek, Peter Handke, Botho Strauss, Ruth Rendell, Franz Kafka ou Joseph Conrad, na ficção, ou Odön von Horváth, Karl Valentin, Shakespeare, Franz Xaver Kroetz, Heiner Müller, Frank Wedekind ou Buchner, no teatro. Exemplos de “uma clara e fina compreensão dos contextos e dos detalhes que constituem um património referencial e universal, do qual somos e seremos leitores, artistas e/ou espetadores”.
Maria Adélia Silva Melo era licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa, tendo lecionado inglês e alemão no Liceu Camões, D. Pedro V e na Escola de Alvide, mas cedo se revelou uma excecional tradutora.
De entre as várias obras traduzidas, Maria Adélia Silva Melo traduziu obras para teatro, nomeadamente para espetáculos do Teatro da Cornucópia, como Odön von Horváth, Karl Valentin, Shakespeare, Kroetz, Heiner Müller.