Investigadores do Centro de Estudos de Doenças Crónicas, NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas (CEDOC-NMS|FCM) da Universidade Nova de Lisboa, do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Universidade Nova de Lisboa, decifraram ”uma via molecular que está na base da proteção de neurónios no cérebro”.
Os investigadores já conheciam que o monóxido de carbono (CO), que é produzido endogenamente no nosso corpo, tem um efeito protetor em vários tipos celulares. E o efeito “protetor do CO era já conhecido, tanto em astrócitos como em neurónios separadamente”.
Astrócitos são células existentes no cérebro, tal como os neurónios, e uma das funções é proteger os neurónios. Os astrócitos existem no cérebro num número sensivelmente três vezes superior aos neurónios.
A investigação liderada por Helena L. Vieira, investigadora do CEDOC-NMS|FCM, e autora do estudo publicado na revista científica Journal of Cell Science, permitiu “decifar uma via molecular que está na base da proteção de neurónios no cérebro”.
Os investigadores juntaram “as peças do puzzle”, e assim conseguiram chegar “à descoberta de uma maquinaria celular que está envolvida na proteção neuronal pelos astrócitos, com a ajuda do CO“, ou seja, “verificaram que o CO reforça a capacidade protetora dos astrócitos perante os neurónios”, aumentando a função protetora que os astrócitos já exercem a nível de defesa neuronal.
De acordo com comunicado da NMS|FCM, “os investigadores verificaram que o CO promove a libertação da molécula central de energia das células, chamada ATP (Adenosina Trifosfato), e de outras moléculas derivadas do ATP, dos astrócitos, e que as moléculas de ATP e derivados provenientes dos astrócitos vão por sua vez ser reconhecidas por recetores específicos presentes na membrana dos neurónios, ativando mecanismos de proteção contra a morte neuronal”.
Neste caso os investigadores verificaram que através da comunicação bidirecional entre os astrócitos e os neurónios a ação do CO vai contribuir para a proteção dos neurónios. O estudo evidencia como esta comunicação intercelular pode ser crucial, para através dos astrócitos se salvar outro tipo de células, os neurónios.
É conhecido que “episódios de AVC isquémico, acidente vascular cerebral, em que ocorre obstrução de uma artéria, leva à falta de sangue numa região do cérebro, ou que doenças neurodegenerativas provocam stress oxidativo nas células. O resultado é a morte de neurónios.
Seja qual for a causa da morte dos neurónios, em especial no contexto das doenças neurodegenerativas, a proteção neuronal é um processo de extrema importância, e a compreensão deste circuito molecular é essencial para a definição de estratégias no combate a estas patologias.
O conhecimento agora adquirido, resultado da investigação dos cientistas portugueses, é de extrema importância, dado que “atualmente a maior parte dos medicamentos que estão em estudo para combater estas doenças têm em consideração apenas a sua ação direta nos neurónios”.