Estudo desenvolvido na Universidade de Coimbra e já publicado na American Journal of Human Biology refere que “Existe uma associação forte e significativa entre o polimorfismo de nucleótido simples (SNP) rs9939609 T/A do gene associado à obesidade FTO (fat mass and obesity-associated gene) e o risco de obesidade abdominal em meninas mas não em meninos”.
No estudo os investigadores analisaram 440 crianças portuguesas, destas 213 meninas e 227 meninos, com idades compreendidas entre os 3 e os 11 anos, de várias escolas públicas da região Centro do país.
Os investigadores estudaram também se a atividade física, medida objetivamente com acelerómetros, pode moderar o efeito da variante FTO rs9939609 na obesidade em crianças, e verificaram que “a prática de atividade física, seja maior ou menor, não vai atenuar a influência do gene FTO no ganho de peso corporal em crianças, referiu Licínio Manco, especialista em genética e primeiro autor do artigo.
O investigador lembrou que o comportamento face à atividade física é o “contrário do que se verifica em adultos”, como já tinha sido demonstrado “num estudo anterior realizado com jovens adultos portugueses”.
Licínio Manco acrescentou que “Isto significa que é importante incentivar a atividade física em todas as crianças, independentemente da sua suscetibilidade genética para a obesidade, pelos inúmeros benefícios para a saúde infantil”.
Mas o investigador entende, no entanto, que estes resultados devem ser consolidados em amostras maiores e em estudos longitudinais porque “existem alguns trabalhos que sugerem que a prática de atividade física pode atenuar a influência de alelos de risco para obesidade em crianças” e que as meninas são um grupo de maior risco por serem mais sedentárias e mais suscetíveis a ganhar peso.
A investigação foi coordenada Cristina Padez e envolveu uma equipa do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), no âmbito de um projeto sobre “Desigualdades na obesidade infantil: o impacto da crise económica em Portugal de 2009 a 2015”. O estudo foi cofinanciado pelo programa “COMPETE 2020, Portugal 2020” e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).