A maioria dos pacientes com Esclerose Múltipla (EM) é afetada com fadiga crónica, reduzindo-lhe a qualidade de vida e a capacidade de trabalhar em tempo integral. Apesar da prevalência e da gravidade do impacto, as opções de tratamento para a fadiga crónica são limitadas. Os atuais medicamentos para tratar a fadiga crónica apresentam geralmente efeitos colaterais.
Um estudo de investigação da Universidade de Buffalo (UB), estado de Nova Iorque, mostrou que os níveis mais altos de Lipoproteína de Alta Densidade (HDL) – ou colesterol bom – podem melhorar o estado de fadiga crónica em pacientes com EM.
Um estudo piloto investigou os efeitos dos níveis de gordura no sangue sobre a fadiga causada pela Esclerose Múltipla, e concluiu que a redução do colesterol total também reduzia a fadiga.
O estudo liderado por Murali Ramanathan, investigador e professor da Faculdade de Farmácia e Ciências Farmacêuticas da UB, destaca o impacto que uma mudança na dieta pode ter na fadiga crónica, que afeta a maioria das pessoas com esclerose múltipla. Os resultados do estudo foram publicados recentemente na revista cientifica PLOS ONE.
“Fadiga, em pessoas com esclerose múltipla, tem sido vista como um problema clínico complexo e difícil”, referiu Murali Ramanathan, e acrescentou que os resultados do estudo apresentam-se como “uma nova descoberta que pode abrir portas para novas abordagens para o tratamento da fadiga”.
Terry Wahls, professor clínico de medicina interna e neurologia, e criador da dieta Wahls Protocol, que liderou uma equipa de investigadores da Universidade de Iowa, já tinha mostrado que “uma intervenção baseada na dieta acompanhada de exercícios com redução de stress e estimulação elétrica neuromuscular (EENM) é eficaz na redução da fadiga”. No entanto, as alterações fisiológicas subjacentes às melhorias eram desconhecidas.
A equipa de investigação de Murali Ramanathan examinou as mudanças no índice de massa corporal (IMC), calorias, colesterol total, HDL, triglicéridos e lipoproteína de baixa densidade (LDL) – vulgarmente conhecido como colesterol mau, e a fadiga foi medida na escala de gravidade de fadiga.
Os investigadores acompanharam 18 pacientes com esclerose múltipla progressiva ao longo de um ano, que foram colocados na dieta Wahls, uma dieta rica em frutas e legumes. A dieta estimula o consumo de carne, proteína vegetal, óleo de peixe e vitaminas B. Onde o glúten, leite e os ovos são excluídos.
Os pacientes participantes no estudo também realizaram um programa de exercícios em casa que incluía alongamentos e práticas de força, EENM para estimular a contração e o movimento muscular, meditação e automassagem para reduzir o stress. No entanto, a adesão à dieta foi o principal fator associado à redução da fadiga crónica.
“Níveis mais altos de HDL tiveram o maior impacto na fadiga”, referiu Murali Ramanathan, concluindo que “possivelmente pelo bom colesterol desempenhar um papel crítico no músculo, estimulando a absorção de glicose e aumentando a respiração nas células para melhorar o desempenho físico e a força muscular”.
Os pacientes consumiram menos calorias e experimentaram reduções nos níveis de IMC, triglicerídeos e LDL. No entanto, esses fatores não apresentaram qualquer relação com as mudanças na fadiga. Mas os resultados do estudo fornecem uma base para um estudo de maior dimensão que possa examinar os efeitos das alterações metabólicas na fadiga.