O PSD, através de David Justino, Vice-Presidente da Comissão Política Nacional, indicou que desde a entrega do pré-aviso de greve por parte de dois sindicatos de motoristas, se assiste “a um autêntico circo mediático com a multiplicação de declarações e acusações entre representantes dos trabalhadores e das entidades patronais, como se o conflito se pudesse resolver por via dos media e não à mesa de negociações”.
Para o PSD “muito cedo se percebeu que as partes estavam mais empenhadas em ‘ganhar a guerra da comunicação’, descredibilizando o seu interlocutor, do que em construir um entendimento que evitasse os prejuízos para a população e para a economia nacional”.
Perante o desenvolvimento do cenário, “o Governo delineou uma estratégia de prevenção e contenção de danos que garantisse os abastecimentos, especialmente de combustíveis”, o que no entender do PSD se “afigurou adequado”.
David Justino referiu que enquanto o Governo “fingia querer mediar o conflito, dava todos os sinais de que estava disposto a entrar no conflito”, e que começou “por dramatizar as consequências do cenário de greve e inundando os órgãos de comunicação social de visitas, declarações, entrevistas, anúncio de medidas, mobilização de forças armadas e de segurança”.
No entender do PSD, referiu David Justino, o Governo, em vez de recorrer a todos os instrumentos suscetíveis de restabelecer o diálogo entre as partes, privilegiou o “exercício desproporcionado da autoridade”, a demonstração de força com um aparato coercivo injustificado e a tentativa de humilhação dos trabalhadores e dirigentes sindicais, para que pudesse mais tarde reclamar “vitória!”.
Neste caso o PSD considera que “o Governo demonstrou:
• Irresponsabilidade pela forma como alimentou a escalada de radicalização do conflito.
• Falta de isenção pela forma tendenciosa como secunda a posição dos representantes das entidades patronais.
• Excessos no exercício da autoridade de Estado, aos quais não será alheia a atual conjuntura político-eleitoral. Lembre-se que esta é a terceira requisição civil que este Governo decretou nos últimos seis meses.
• Tratamento diferenciado perante diferentes corpos profissionais, confirmando o seu estilo de ser forte com os mais fracos e fraco com os mais fortes.”
David Justino referiu ainda “que o Governo deveria também preocupar-se:
• Com as reais condições de exercício da atividade profissional dos motoristas, nomeadamente o excesso de horas a que estão sujeitos, sem que a Autoridade para as Condições do Trabalho tenha tornada pública qualquer ação reguladora.
• Com a falta de condições de segurança rodoviária que estes excessos acentuam.
• Com as diligências que competem à Autoridade Tributária face aos indícios de irregularidades fiscais por parte de algumas empresas transportadoras”.
Em face da situação David Justino referiu que “o PSD aconselha o Governo a apostar todos os seus recursos no restabelecimento das negociações, mesmo que para tal seja necessário suspender a requisição civil e desde que as posições irredutíveis dos sindicatos e dos representantes do patronato possam ser superadas, nomeadamente pela suspensão da greve”.