Em 2018, no distrito de Beja, 68,22% dos doentes tiveram algum tipo de indisponibilidade de medicamentos e destes, 32,17% recorreram a uma nova consulta para obter um outro medicamento que estivesse disponível, indicou a Associação Nacional das Farmácias com base nos dados recolhidos num estudo realizado pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR).
O estudo que abrangeu todo o país indica que a população do distrito de Beja uma das mais prejudicadas, registando o maior número de pessoas obrigadas a interromper o tratamento devido à falta de determinados fármacos, ou seja, 9,30%, quase o dobro da média nacional que foi de 5,70%.
As regiões mais desertificadas de população e economicamente mais desfavorecidas do interior do país são as que registaram mais ocorrências de indisponibilidade de medicamentos, sendo Beja, o distrito com piores resultados, com valores acima da média nacional, em que 52,20% dos doentes declararam dificuldades no acesso à medicação prescrita.
O estudo conclui que a falta de medicamentos afetou seriamente os portugueses, indicando que 3,4 milhões de doentes depararam-se com a falta de medicamentos e 5,70% foram forçados a interromper a terapêutica.
A indisponibilidade de medicamentos levou ainda 1,4 milhões, ou seja, 21,50% de utentes a recorrer a consulta médica para alterar a prescrição. O recurso a estas consultas causou elevados custos ao sistema de saúde, que se situarem entre 35,3 a 43,8 milhões de euros, e ao doente da ordem dos 2,1 a 4,4 milhões de euros.
Os inquéritos para o relatório sobre o “Impacto da Indisponibilidade do Medicamento no Cidadão e no Sistema de Saúde”, da CEFAR, foram realizados na primeira semana de abril deste ano e contaram com a participação dos utentes de 2.097 farmácias em Portugal.