Agustina Bessa-Luís que nasceu em 1922, publicou o seu primeiro livro em 1948, e deu “início a um longo e extraordinário percurso na literatura portuguesa, onde se assumiu como uma das suas grandes romancistas e mestre de um dos mais originais processos criativos da ficção portuguesa”, refere nota da Ministra da Cultura.
A Sibila, A Corte do Norte, Eugénia e Silvina ou a trilogia O Princípio da Incerteza, obras de Agustina Bessa-Luís que com muitas outras, coloca a escritora “num lugar sem par na narrativa portuguesa contemporânea, sempre preocupada com a condição social e cultural em Portugal e com uma capacidade única de ler no passado as dimensões históricas e vivenciais que atravessam as épocas”.
A cumplicidade com o cineasta Manoel de Oliveira levou à assinatura de obras fundamentais do cinema português, como Francisca e Vale Abraão, a partir dos seus romances, mas também Party, O Convento, Inquietude, O Princípio da Incerteza e A Alma dos Ricos, escritos, adaptados ou recriados a partir de romances ou contos. “Neles expressavam-se as paradoxais relações entre homens e mulheres enquanto seres encravados na ambição e na ansiedade. Figuras que pairavam entre a história e o tempo, que o cinema e o olhar de Oliveira tornaram palavra física e, assim, voz material de pensamentos que construíram uma obra cheia de imagens e de metáforas”.
Agustina foi ainda diretora do Teatro Nacional Dona Maria II entre 1990 e 1993 e foi nesse teatro que Filipe La Féria encenou, em 1996, As Fúrias, a partir do romance publicado em 1977, no rescaldo do verão quente, e parábola político-filosófica sobre um país em reconstrução identitária.
Para além do Prémio Camões, em 2004, Agustina Bessa-Luís recebeu os mais importantes prémios literários portugueses, bem como a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura em 1993. Foi também agraciada pelo Presidente da República General Ramalho Eanes, com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, em 2006, com o grau de Grã-Cruz da mesma ordem pelo Presidente Aníbal Cavaco Silva.
“Com uma dedicação inabalável e intransigente à criação literária, o legado de Agustina é vasto, composto por personagens, visões da história, lugares e, acima de tudo, um percurso pessoal e autoral únicos e exemplares” concluiu a Graça Fonseca, Ministra da Cultura.