Jogadores da seleção nacional de futebol e treinadores, ao Euro2016, acompanhados do Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, foram recebidos no Palácio de Belém, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa começou por referir o que há um mês tinha dito aos jogadores. “Eu disse há um mês e três dias que vocês eram os melhores da Europa”, lembrou, e acrescentou: “Muita gente ao longo deste mês disse: Eles são bons, mas … têm sorte”. Sobre o que muitos disseram o Presidente responde: “Está provado que não há acaso, nem sorte, nem é uma equipa banal (…). São os melhores da Europa”.
Mas continuou a frisar: “São os melhores da Europa pela competência, pela capacidade de trabalho, pela inteligência, pela resistência, mas também pela unidade e pela humildade. O futebol é o desporto coletivo, e ali não há génios, nem talentos, nem meios talentos, há equipa”.
Uma equipa em que todos os jogadores estão ao mesmo nível no contributo para um desfecho final, ou seja, “um golo marcado por um toque de calcanhar genial, como a defesa de um penalti que permite a passagem” são tão importantes, refere o Presidente, como quando ontem, a três minutos do fim do jogo, o capitão disse a um jogador, que estava naturalmente cansado: “Vai lá para dentro!” O jogador foi “para dentro e aguentou até ao final. É essa humildade e esse espírito coletivo que deu a vitória”.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que pediu aos jogadores do Euro2016 para que se “lembrassem dos portugueses que vivem cá dentro do território físico, se lembrassem dos portugueses que vivem lá fora”, e os jogadores “lembraram-se sempre deles, todos os minutos, todas as horas de jogo, todos os jogos, até vencerem a final”.
Dirigindo-se diretamente a toda a seleção campeã, o Presidente, disse: “ Vocês lembraram-se daquilo que poderiam fazer pelo orgulho de ser português, e contribuíram para esse orgulho, e os portugueses pagaram. Retribuíram, os portugueses em França, os que já lá estão há 50 anos e os que foram nesta nova geração”.
De seguida, o Presidente apresentou aos jogadores o Tiago, uma criança de 7 anos que, ainda em junho tinha escrito “que se considerava o décimo segundo jogador da seleção portuguesa”. O que “escreveu o Tiago pensaram milhões de portugueses”.
“Mas não foram só os portugueses, foram os timorenses que encheram as ruas de Díli, foram os nossos irmãos que encheram as ruas de Luanda, as ruas de Maputo, da Praia, de São Tomé, e de Bissau”, lembrou o Presidente aos campeões europeus.
“O Presidente de Moçambique, ontem, antes do jogo, mandou-me um SMS, que dizia assim: Caro amigo e irmão, escrevo antes do depois, ligar para felicitar ou dizer outra coisa depois de tudo ter acontecido poderia ser oportunista, falar por antecipação é assumir a causa comum, comum a todos os portugueses e ao mundo que dentro de horas celebrará o orgulho de ser e de admirar, tudo o que vier e será muito bom, tem espaço nos corações de muitos donos da festa, a nossa festa comum. Força irmão. Avante!”, deu a conhecer o Presidente.
“Foi assim que se viveu a vossa saga, a vossa aventura, em Portugal e por todo o Mundo que se fala português”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
De seguida, o Presidente entregou os alvarás das condecorações com que decidiu condecorar os jogadores e treinadores, indicando que a todos os jogadores como todos os treinadores foi atribuída a mesma condecoração. Pois referiu que “não há, nem primeiros, nem segundos, nem terceiros, todos recebem a mesma condecoração”.
Mas o Presidente esclareceu ainda que a condecoração da Ordem de Mérito com que são agraciados os campeões da Europa “não é a maior condecoração” que vão receber, pois a maior já a receberam e foi dada “pelo povo português, uma condecoração feita de orgulho e de gratidão”. E esclareceu: “Orgulho por aquilo que fizestes durante mais de um mês por Portugal, Gratidão porque o dia de hoje não é igual ao dia de ontem”.
“Depois do campeonato da Europa continuam os problemas económicos, sociais, políticos e culturais”. Mas Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu: “Há uma diferença. A diferença foi o vosso exemplo. O exemplo do que é ganhar, com coragem, determinação, capacidade de luta, humildade e espírito de equipa, e isso faz a diferença. E a diferença, entre hoje e ontem, é que hoje temos mais razões, devido a vocês, para acreditarmos em Portugal”.