O impacto da greve dos enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde continua a aumentar, dia após dia. O Ministério da Saúde divulgou que no período de 31 de janeiro a 8 de fevereiro de 2019 houve pelo menos 2 657 cirurgias das 4 782 previstas que não foram realizadas, um número que indicou ser ainda provisório.
A greve “cirúrgica” dos enfermeiros decorre até 28 de fevereiro e o Ministério da Saúde tem vindo a divulgar o número de cirurgias não realizadas, tendo por base o número de cirurgias que estavam previstas inicialmente nos dez hospitais e centros hospitalares.
No entanto, não há dados conhecidos (públicos) sobre o impacto da greve na saúde dos doentes. Mas existem várias perguntas que carecem de resposta pública: Que implicação imediata e futura na saúde do doente é possível determinar em consequência no adiamento de cada uma das cirurgias? Que repercussão para os doentes e suas famílias a não realização das intervenções cirúrgicas, muitas delas a aguardar há vários meses e mesmo anos?
Os grandes debates em torno da greve dos enfermeiros tem vindo a ser predominantemente nas questões ligadas aos direitos da classe de enfermeiros nas suas relações entre trabalhadores e o empregador Estado. Um direito que ninguém tem posto em causa. Mas, por certo, também deveriam entrar aqui os direitos dos doentes, contribuintes, na sua relação com o Estado e o dever “supremo” de direito à saúde que vai para além, supomos, dos direitos de qualquer interesse individual, de classe ou político.