O Lago Poyang, na província de Jiangxi, é o maior lago de água doce da China. É um habitat importante para a migração de aves selvagens como os raros Grou-siberianos. Muitas destas aves passam o inverno no lago. A bacia do lago é também uma das mais importantes regiões produtoras de arroz da China, embora os habitantes locais tenham de lidar com as mudanças sazonais que alteram significativamente os níveis da água.
Hervé Yesou, investigador líder do programa ‘Dragon-4’, citado pela Agência Espacial Europeia (ESA), comentou: “As flutuações sazonais são evidentes, com baixo nível de água no inverno mas que muda gradualmente com a estação chuvosa, com os lagos individuais a ligarem-se para se tornar numa grande massa de água”.
O Programa ‘Dragon’ é uma cooperação entre a ESA e a China no domínio da Observação da Terra e que inclui a utilização de dados de satélite por investigadores europeus e chineses. A observação do Lago Poyang é um exemplo de cooperação.
Com a captura sistemática de dados pelo satélite europeu ‘Sentinela-1’ foi possível obter uma imagem, em 5 de julho, que mostra a água a invadir toda a região, desde as costas do Lago Poyang às margens do rio Yangtze. Comparando as imagens da região do Lago em julho de 2015 com as de julho de 2016, verificamos claramente que este ano a água está a transbordar em todos os lugares, incluindo a área da cidade de Wuhan.
O trabalho de acompanhamento da evolução dos níveis da água no Lago é um exemplo de cooperação que irá continuar, para isso a ESA e a China lançaram a quarta fase do programa de colaboração o ‘Dragon-4’.
Através do protocolo assinado entre a ESA e o Centro Nacional de Deteção Remota do Ministério de Ciência e Tecnologia Chinês, os dados produzidos pelas três missões – Copernicus, Sentinelas e Satélite de Observação da Terra chinês – vão ser usados na Europa e na China em aplicações científicas.
Depois de 12 anos de cooperação, Yin Hejun, vice-ministro da Ciência e Tecnologia chinês afirmou, citado pela ESA, que “através da implementação do protocolo ‘Dragon’, a China e a Europa têm explorado um novo mecanismo de cooperação científica e tecnológica internacional, que tem alcançado resultados impressionantes”.
Para Jan Woerner, Diretor-Geral da ESA, “o programa ‘Dragon’ é um exemplo de cooperação internacional em que investigadores europeus e chineses usam as mesmas fontes de dados de observação da Terra”.
O novo protocolo vai permitir que europeus e chinesas trabalhem em conjunto nos próximos quatro anos para produzir nova ciência e mais resultados. Os dados das novas missões vão permitir melhorar a cobertura temporal, espacial e espectral sobre os locais selecionados de teste do ‘Dragon-4’.
Os novos satélites, a serem lançados nos próximos anos, como o FY chinês, e as missões GF e TanSat, bem como os satélites Europeus Sentinela e de Observação da Terra, vão integrar os já existentes abrangidos pelo protocolo. Cerca de 650 cientistas de 234 institutos europeus e chineses de investigação irão ser envolvidos no programa ‘Dragon-4’.