O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua a ser a principal causa de mortalidade e incapacidade em Portugal, sendo que por hora, três portugueses sofrem um AVC. Destes, um não sobrevive e, dos restantes, metade ficará com sequelas incapacitantes.
Para compreender a realidade nacional e definir uma estratégia de combate ao AVC a curto-médio prazo, a Sociedade Portuguesa do AVC (SPAVC) reúne especialistas nacionais e internacionais em congresso anual para um debate abrangente e esclarecedor sobre a doença vascular cerebral, na qual o AVC.
Especialistas estrangeiros, clínicos e investigadores nacionais, reúnem-se nos dias 31 de janeiro, 1 e 2 de fevereiro de 2019, no 13.º Congresso Português do AVC, no Porto, onde vão procurar traçar uma estratégia clara de combate ao AVC no panorama nacional.
Do congresso faz parte uma conferência sobre o “Plano de Ação para o AVC na Europa”, de Valeria Caso, past president da European Stroke Organisation (ESO), uma das entidades promotoras deste documento internacional, em colaboração com a associação europeia de sobreviventes de AVC, a Stroke Alliance for Europe (SAFE). A conferencia decorre dia 31 de janeiro, às 17h30, no Hotel Sheraton Porto.
“Todos os anos, cerca de 1,3 milhões de pessoas, na Europa, sofrem um primeiro AVC. Consequentemente, o impacto socioeconómico do AVC é considerável, com um custo anual na Europa na ordem dos 45 biliões de euros”, referiu a neurologista da University of Perugia, em Itália, Valeria Caso.
A especialista indicou que “segundo as projeções mais recentes, a carga global de AVC na Europa sofrerá um aumento de mais 35% até o ano 2050 devido, em grande parte, ao envelhecimento da população”.
O relatório ‘Action Plan For Stroke in Europe 2018-2030’ estabelece objetivos e metas para proporcionar melhores cuidados aos doentes com AVC na Europa, a partir da intervenção em quatro áreas de atuação estruturais (prevenção primária, fase aguda, reabilitação e vida pós-AVC).
O plano de ação deve ser implementado de forma faseada até 2030, adaptando as estratégias à realidade local de cada país. Um plano de ação que “constitui uma importante fonte de referência no que se refere às ações necessárias para aumentar os esforços em torno da prevenção e tratamento do AVC”, esclareceu Valeria Caso.
Durante o Congresso “a SPAVC irá analisar a informação que existe em Portugal acerca do estado de cada uma das grandes áreas de intervenção na cadeia do AVC”, indicou a vice-presidente da SPAVC e presidente da conferência, Elsa Azevedo. O objetivo é “fazer uma atualização e promover um debate multidisciplinar que facilite a definição de um Plano de Ação Nacional, para que Portugal possa atingir os objetivos delineados pela Europa até 2030.”
Do programa científico fazem parte sessões temáticas multidisciplinares como as novas técnicas de imagem para esclarecimento de etiologia do AVC isquémico, défice cognitivo vascular, AVC hemorrágico, trombectomia, reabilitação e organização da terapêutica de reperfusão.
Para além da conferência sobre o plano de ação, o Congresso promove outras conferências sobre temas como as guidelines da hipertensão arterial, diabetes como fator de risco para deterioração cognitiva, fisiopatologia da doença de pequenos vasos, prevenção do AVC isquémico na angiopatia amiloide, AVC criptogénico/ESUS, dupla antiagregação, presente e futuro da trombólise, polimedicação e prioridades em investigação clínica em AVC.
Na sessão de abertura, António Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto, é o orador convidado com uma palestra sobre “A Universidade na formação médica pós-graduada”.
No último dia do congresso, 2 de fevereiro, decorre o Curso de AVC. Um curso dedicado sobretudo a internos, e em simultâneo, decorre uma sessão de Informação à população. Uma sessão de entrada livre, coordenada pelo presidente da SPAVC, Castro Lopes.