Investigadores e médicos em neurociências do Cedars-Sinai Medical Center, Los Angeles, EUA, desenvolveram em 2018 uma série significativa de estudos que permitiram lançar luz sobre condições neurológicas que afetam muitos milhões de pessoas.
Keith L. Black, presidente do Departamento de Neurocirurgia, do Cedars-Sinai, referiu que o centro médico “é conhecido há muito tempo pela qualidade dos cuidados clínicos, mas a investigação que tem vindo a ser feita faz parte essencial da missão”, e acrescentou “os médicos trabalham em conjunto para entender melhor o intrincado funcionamento do cérebro e desenvolver tratamentos para uma série de doenças”, pelo que espera-se que face aos artigos publicados este ano, vão surgir resultados com “impacto significativo na forma como os pacientes vão ser tratados nos próximos anos”.
De entre os diversos estudos, um merece destaque pois permitiu descobriu que a exposição prolongada a poluição do ar pode causar alterações no cérebro, e essas alterações podem tornar as pessoas mais suscetíveis ao cancro, à doença de Alzheimer e a outros distúrbios neurológicos.
Julia Ljubimova, diretora do Centro de investigação em Nanomedicina do Cedars-Sinai, foi a principal autora do artigo, publicado na revista científica Scientific Reports. O estudo centrou-se na região de Los Angeles e expandiu a investigação anterior vindo a demonstrar haver uma associação entre a poluição do ar e uma variedade de doenças, incluindo o cancro.
Por sua vez a investigação de Ueli Rutishauser, professor associado do Departamento de Neurocirurgia ao mapear uma área do cérebro, permitiu ofereceu uma visão sobre como o cérebro humano forma rapidamente novas memórias.
O trabalho de Ueli Rutishauser, publicado na revista Current Biology, mostra que os neurónios dopaminérgicos desempenham um papel crítico na formação da memória episódica, permitindo que as pessoas se lembrem onde estacionaram o carro ou o que comeram no jantar da noite anterior. As descobertas podem ajudar os investigadores a desenvolver novos tratamentos para pacientes com distúrbios de memória.
Nestor R. Gonzalez, professor de Neurocirurgia e diretor do Laboratório Neurovascular, apresentou os resultados de um ensaio clínico de Fase IIa no World Stroke Congress, em Montreal. O estudo de uma técnica cirúrgica chamada EDAS (encephaloduroarteriosynangiosis) mostrou que o método diminui significativamente a taxa de recorrência de AVC e de morte para pacientes com grave placas em artérias no cérebro.
Os neurocirurgiões com as técnicas EDAS redirecionam as artérias do couro cabeludo e das membranas que cobrem o cérebro e colocam-nas debaixo do crânio perto de áreas do cérebro em risco de derrame cerebral. Com o tempo, vão formar-se novos vasos sanguíneos, criando novos caminhos para o sangue e para o oxigénio chegarem ao cérebro.