Ligação entre viga e pilar que utiliza componentes substituíveis onde é concentrada toda a dissipação da energia transmitida durante um sismo é uma solução desenvolvida pelo consórcio europeu FREEDAM – FREE from DAMage Steel Connections com o objetivo de permitir edificações mais resistentes aos sismos.
O consórcio europeu FREEDAM envolveu as universidades de Liège, na Bélgica, Nápoles e Salerno, na Itália, e uma equipa de investigadores do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), liderada pelo catedrático Luís Simões da Silva. E ainda dois parceiros industriais, a FIP Industriale, em Itália, e OFELIZ, em Portugal.
O trabalho desenvolvido ao longo dos últimos três anos permitiu aos investigadores desenvolver um produto base da solução, que já está a ser comercializado pela empresa italiana FIP Industriale.
Luís Simões da Silva explicou, citado pela Universidade de Coimbra, que com a solução encontrada permite que as ligações entre a viga e o pilar sejam “capazes de suportar, sem qualquer dano, eventos sísmicos”, e acrescentou: “Após o evento só temos de substituir os componentes dissipativos, de forma muito simples.”
O conceito foi amplamente ensaiado em laboratório e num edifício protótipo construído para o projeto, o que permitiu concluir que solução técnica “garante que a ocorrência de sismos não compromete a estrutura física do edifício”, indicou o coordenador português.
A equipa da FCTUC foi responsável por grande parte do trabalho de investigação experimental e numérica. Um trabalho que “teve uma exigência experimental muito elevada”, tendo sido “ensaiados vários modelos e materiais até se conseguir a solução final”, e em que em determinada altura do projeto houve dois layouts experimentais distintos em curso no laboratório de Estruturas e Mecânica Estrutural do Departamento de Engenharia Civil.
As vantagens da solução “são tanto económicas como de redução substancial nas perdas em vidas humanas. Se por um lado, teremos uma poupança decorrente da redução de custos de reparação da estrutura após sismo, por outro lado, o desenvolvimento destas ligações é também um passo importante para o projeto e construção de edifícios livres de dano face a ações acidentais”, concluiu Luís Simões da Silva.
O projeto, que teve foi financiado em 1,5 milhões de euros do programa europeu Research Fund for Coal and Steel e Fundação para a Ciência e a Tecnologia, envolveu todo o ciclo de inovação, ou seja, desde a investigação fundamental até à introdução no mercado
O consórcio tem já em curso o processo para registo de patente da ligação viga/pilar e o investigador da FCTUC considera que técnica possa “ser adaptada para outros fenómenos extremos que induzam vibrações nos edifícios, como tornados e furacões.”