A jovem chef de 18 anos, Beatriz Costa, vencedora do Young Chef Awards 2018, do Minho, a única região portuguesa de gastronomia europeia, representa Portugal no concurso internacional de culinária, o European Young Chef Award, que decorre nos dias 25 e 26 de novembro, na Irlanda.
Beatriz Costa vai competir com jovens chefs e pratos tradicionais de outras regiões da Europa e do Minho leva um arroz de tacho cozido numa mistura de água, entrecosto estufado e vinho tinto. Com este prato a chef portuguesa apresenta o Minho no concurso internacional em Galway.
O arroz em vinha d’alhos será a escolha de Beatriz Costa para mostrar ao júri europeu o que de melhor se faz na gastronomia minhota. Mas na mala para a Irlanda leva entrecosto, cebolas, alhos, chouriças e outros ingredientes, todos produtos caseiros e locais da região.
O objetivo é valorizar a região do Minho, o seu receituário, os seus produtos endógenos e a sua riqueza diferenciadora no que diz respeito à gastronomia.
A jovem chefe recriou no Minho Young Chef Awards 2018, em maio, “o prato tradicional de vinha d’alhos e deu-lhe uma versão contemporânea: tirou os ossos, cortou a carne e salpicou com flores.”
Para o chef Renato Cunha, embaixador do Minho Young Chef Awards e mentor da Beatriz Costa na preparação para os European Young Chef Award trata-se de “um prato verdadeiramente minhoto, com feijões terrestres, produzidos em Arcos de Valdevez, mas também equilibrado, com hidratos de carbono, proteína e vegetais.”
Nos últimos meses, Beatriz Costa, juntamente com o professor Filipe da Didáxis, na escola cooperativa de Vale S. Cosme, em Riba d’Ave – a mesma escola onde estudou o chef Renato Cunha – fez um estudo exaustivo do prato para compreender melhor os ingredientes e aperfeiçoar a sua obra.
A apresentação do prato foi treinada muitas vezes, “arriscando na criatividade e trazendo elementos vegetais com técnicas mais modernas” e para chamar atenção do júri, a jovem chef vai também um pequeno tacho em barro com arroz de grelos.
“Queremos mostrar o melhor dos dois mundos ao júri”, explicou Renato Cunha, que considera que há grandes possibilidades do arroz em vinha d’alhos surpreender os jurados no European Young Chef Award. “O Minho é sabor, é alma, é rústico, mas com pleno sabor. Queremos mostrar uma região vanguardista e autêntica”, acrescentou Renato Cunha.
O Minho é conhecida como “a região verde de Portugal, a terra do bacalhau à minhota, das papas de sarrabulho, dos rojões, do cozido à portuguesa e do caldo verde, o Minho tem vindo a desenvolver nos últimos anos a sua gastronomia, aliando a tradição à inovação aos seus pratos, tentando corresponder às exigências de um público cada vez mais diferente.”
O Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) tem vindo trabalhar na narrativa do turismo gastronómico com as licenciaturas em Turismo e Engenharia do Ambiente e na criação de uma licenciatura de Gastronomia e Artes da Cozinha a ter início no próximo ano letivo, em parceria com o Turismo de Portugal.
“Acreditamos no potencial da gastronomia minhota, muito própria, onde usamos os produtos endógenos, originários da terra e do mar e que dentro do processo de produção detém características especiais, sazonalidade, formas de produção. Uma gastronomia única” referiu Joana Santos, professora do IPVC e especialista em autenticidade alimentar.
O IPVC pretende elevar o potencial gastronómico na região, apostando numa formação 360º nesta área e dar oportunidade às dezenas de alunos que se formam todos os anos nos cursos técnicos e pretendem seguir a formação superior. “Queremos permitir que estes jovens consigam dar continuidade aos seus estudos, reforçando o seu posicionamento no mercado de trabalho e que a gastronomia, especialmente a minhota, passe a ser um tema de discursão central, com base na investigação e desenvolvimento de novas técnicas ligadas à confeção gastronómica”, explicou Joana Santos.
Também Beatriz Costa indicou que pretende continuar a estudar e a aperfeiçoar o conhecimento na área, mas agora está focada no European Young Chef Award e trazer para o Minho o trofeu de primeiro lugar. “Os jurados vão-se render ao sabor do arroz em vinha d’alhos”, referiu, convencida a jovem chef.
O Minho Young Chef Awards 2018, realizado em maio, foi uma iniciativa que integrou as três Comunidades Intermunicipais do Alto Minho Cávado e Ave, o Instituto Internacional da Gastronomia, Cultura, Artes e Turismo (IGCAT), e a Plataforma das Regiões Gastronómicas.