Atualmente, quase dois milhões de portugueses continuam a fumar. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, um fumador vive, em média, menos 10 anos do que um não fumador e tem 50% de probabilidade de morrer por uma doença associada ao tabagismo.
O consumo de tabaco, ativo ou passivo, é uma das principais causas evitáveis de morte, de doenças oncológicas, respiratórias, cardiovasculares e de perda de qualidade de vida. O tabagismo continua a ser um dos maiores problemas de saúde pública, com consequências tanto para a população fumadora como para a não-fumadora.
Estudos mostram que 70% dos fumadores expressam o desejo de parar de fumar, 35% tentam deixar de fumar todos os anos, mas menos de 5% têm êxito sem ajuda. Melhorar a saúde, mudando estilos de vida, pode ser mais fácil com um acompanhamento correto, que deve ser feito pelo médico, muitas vezes com recurso a fármacos.
O médico deve tentar, numa primeira fase, perceber as motivações dos fumadores perante o tabaco e mostrar quais as possibilidades para deixar o hábito tabágico.
A motivação do fumador para deixar de fumar é fundamental para o início de um processo de desabituação tabágica e abandono permanente dos hábitos tabágicos com sucesso.
Para além do aconselhamento, com informação dos benefícios da cessação tabágica e dos riscos para a saúde que continuar a fumar representa, na maioria dos casos também é importante as pessoas fumadoras serem acompanhadas em consulta médica especializada para o efeito. De facto, atualmente está demonstrado que associar uma intervenção comportamental, de aconselhamento e de reforço da motivação, a uma terapêutica farmacológica, proporciona maior sucesso na cessação tabágica e previne as recaídas. Com ajuda médica, os sintomas de abstinência à nicotina, como insónias, irritabilidade, agitação, ansiedade, alterações do humor ou aumento de apetite, são atenuados ou desaparecem.
Deixar de fumar inclui abandonar o consumo de cigarros e de todos os produtos de tabaco, incluindo os cigarros eletrónicos. Há estudos que apontam para este tipo de consumo ser igualmente prejudicial, uma vez que estes novos produtos contêm substâncias nocivas para a saúde, como acroleína (potencial cancerígeno), formaldeído (irritante das vias respiratórias) e por vezes também nicotina, que mantém a dependência. Por isso, o consumo de cigarros eletrónicos ou de produtos de tabaco aquecido continua a ser prejudicial, pelo que, o ideal é não fumar nada.
A melhor atitude para melhorar a saúde é cessar qualquer tabagismo.
Querer deixar de fumar e decidir fazê-lo são os passos mais importantes. Passar à prática exige esforço e autodisciplina. Os benefícios da cessação tabágica, em termos de saúde pessoal, ambiente familiar e impacto económico, são evidentes e são tanto maiores, quanto mais cedo se parar de fumar. Deixar de fumar é difícil, mas possível.
Autora: Sandra Saleiro, médica pneumologista do IPO do Porto