Grupo de Infeção e Sepsis do Hospital de São João distinguiu uma equipa de investigadores do Serviço de Microbiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com um prémio de 10 mil euros para o desenvolvimento de um projeto que pretende criar novas formas de tratamento de infeções fúngicas.
A equipa de investigadores, constituída por Sofia Costa de Oliveira, Ana Pinto e Silva, Isabel Marco Miranda, Cidália Pina Vaz e Acácio Gonçalves Rodrigues, vai aprofundar os estudos sobre os mecanismos de resistência das equinocandinas.
“As equinocandinas ou drogas antifúngicas promovem a redução de um componente fundamental da parede fúngica que é o glucano”, explica a investigadora Sofia Costa de Oliveira, citada em comunicado. A investigadora acrescenta que “alguns fungos têm a capacidade de compensar essa diminuição produzindo mais quitina, o que torna o tratamento com equinocandinas ineficaz”.
Sofia Costa de Oliveira acredita que “existe a possibilidade de modular esse mecanismo de escape à ação do antifúngico, potenciando deste modo o seu efeito”.
“Se conseguirmos uma resposta positiva numa melhor utilização dos tratamentos já existentes na infeção fúngica”, referiu a investigadora, “então isso pode significar ganhos para o Serviço Nacional de Saúde”.
Os ganhos vêm, indica a investigadora, “por não haver necessidade de investir para descobrir novas moléculas para tratamento destas doenças. Por vezes, cabe-nos a nós potenciar as moléculas já existentes para aumentar a sua eficácia no tratamento”.
Os medicamentos já existentes têm ainda muito potencial para serem explorados. Neste sentido, os investigadores pretendem, com o projeto, vir a fornecer dados para “o desenho de novas estratégias terapêuticas, e assim, ultrapassar a problemática da resistência ou tolerância às equinocandinas, pelos fungos patogénicos, com implicações na Saúde Pública, Biotecnologia e Agricultura”.
Doentes com o sistema imunitário debilitado têm um elevado risco de desenvolver infeção fúngica invasiva, sendo que o número de pessoas que registam esta doença fúngica pode mesmo chegar aos 200 mil casos por ano. A mortalidade por candidemia ou infeção da corrente sanguínea causada por leveduras pode chegar aos 40%.
O prémio ou bolsa, que teve o apoio da farmacêutica Astellas Farma, foi atribuída à equipa de investigadores e tem como objetivo dar uma resposta melhorada na área da micologia e no tratamento dos fungos. Os fungos afetam muitas pessoas, especialmente em ambiente hospitalar.