Pacientes com pressão arterial alta dependem exclusivamente de medicação para reduzir o risco de ataque cardíaco, derrame e insuficiência cardíaca, dado que não aderem à diminuição da ingestão de sal, de acordo com as instruções e aconselhamentos médicas, revelou estudo apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia de 2018.
A falta de adesão às mudanças de estilo de vida recomendadas pelos médicos está levar a um maior consumo de sal pelos pacientes hipertensos, pelo que são necessários mais medicamentos para tratar a hipertensão, medicamentos que têm mais efeitos colaterais referiu Kazuto Ohno, médico especialista no Enshu Hospital, Hamamatsu, Japão.
“Os pacientes podem melhorar este ciclo vicioso restringindo a ingestão de sal”, referiu Kazuto Ohno, e acrescentou que se diminuírem o consumo “podem evitar doenças causadas pela hipertensão, como ataques cardíacos, derrame e insuficiência cardíaca. Além disso, podem evitar os efeitos colaterais dos medicamentos anti-hipertensivas, como tonturas e desmaios.”
O excesso de ingestão de sal é uma das causas mais importantes de hipertensão e a restrição de sal é uma estratégia chave para a gestão da hipertensão, mas os investigadores indicam que poucos estudos têm sido realizados sobre a relação entre o consumo de sal e a pressão arterial em pacientes hipertensos com tratamento anti-hipertensivo.
Os investigadores indicaram que o estudo envolveu 12.422 pacientes que tomavam medicamentos para hipertensão que visitaram o hospital para um exame físico entre 2010 e 2016.
Para o estudo os investigadores usaram como medida a ingestão individual de sal em gramas por dia, com base numa numa fórmula de cálculo aplicada ao sal, revelada por uma análise à urina.
No estudo verificou-se que os pacientes que mantiveram a pressão arterial abaixo de 140 / 90mmHg melhoraram durante o estudo, nos sete anos, entre todos os grupos, mas a ingestão individual de sal também aumentou em todos os grupos.
“Embora os valores de pressão arterial em pacientes hipertensos tenham diminuído, a ingestão de sal foi aumentando gradualmente”, referiu Kazuto Ohno, e acrescentou: “Acreditamos que a melhoria do controlo da pressão arterial não se deve à restrição de sal, mas ao tratamento com os medicamentos”.
Diretrizes para o Tratamento da Hipertensão Arterial de 2014, publicadas pela sociedade japonesa de hipertensão, recomendam menos de seis gramas de ingestão de sal por dia, esclareceu Kazuto Ohno, mas menos de 4% dos pacientes do estudo estavam a seguir as recomendações.
Os pacientes do estudo foram divididos em três grupos, de acordo com a prescrição de um, dois, três ou mais medicamentos anti-hipertensivos.
“O estudo observacional em pacientes hipertensos com medicamentos anti-hipertensivos encontrou dois factos comparativos: uma melhoria dos níveis de pressão arterial e um aumento na ingestão de sal” indicou Kazuto Ohno. “Em particular, em pacientes hipertensos com múltiplos anti-hipertensivos, a ingestão de sal foi maior do que aqueles que tomavam apenas um anti-hipertensivo.”
O consumo de sal por pessoas saudáveis é de menos 8 g / dia nos homens e menos 7 g / dia nas mulheres indica a Dietary Reference Intakes for Japanese, de 2015, publicado pelo Ministério da Saúde japonês.
“No entanto, um estudo Nacional de Saúde e Nutrição de 2016 revelou que os homens 10,8 g / dia, nos homens, e 9,2 g / dia nas mulheres”, referiu o médico do Enshu Hospital, que indicou que é necessária uma maior consciencialização sobre os danos que causa uma maior ingestão de sal quer em pacientes hipertensos e como nas pessoas saudáveis.
Kazuto Ohno considera que futura investigação deve considerar se a orientação nutricional pode melhorar a pressão arterial e diminuir o número de prescrições de medicamentos anti-hipertensivos. Dado que “a restrição de sal é um fator modificável importante no estilo de vida para tratar e prevenir a pressão arterial alta.”